Janeiro. A primeira onda veio. Olhei aquele mar imenso, senti-me lá dentro. No ondular tenso do ano inteiro. Vaivém de esperanças e incertezas. De janeiro à dezembro. Brasil das queimadas, alagamentos. Maré no começo. Pulei a onda sem receio.
A segunda onda chegou, com águas que vinham do outro
lado do mundo. Trazia os mesmos sentimentos. Onda de extremos. Guerra por céu e por terra, triste atmosfera. Chorei na Ucrânia, Palestina. Mas não sabia hebraico, nem russo ou mandarim. Pulei rapidim.
A terceira onda chegou. Trouxe as queixas e o troco da natureza. Vieram nas águas, plásticos, tampinhas, além de flores brancas e garrafas. Não gritei, nem me indignei. E de tanto que me calei, me envergonhei e pulei essa onda também.
A quarta onda veio e era virtual. Entrei na rede e naveguei, mas presa, felizmente não fiquei. Preferi olhar o real e a natureza. Apenas postei, curti e pulei.
Na quinta onda vieram peixinhos. Trocamos olhares rapidinho. Era raso. Dei um aceno abrindo os meus braços e os cardumes ligeiros partiram com receio. Pulei também.
Na sexta onda eu entrei de corpo inteiro. Queria sal grosso limpando o corpo e a alma. Tirando o ranço desse
ano de muitas desgraças.
E a última onda, enfim, foi chegando. Era onda pequena. Miúda. Mas foi crescendo.
Tinha uma crispa branca de espuma. Dobrei os joelhos. Olhei para as estrelas. Fiz o meu pedido e voltei pulando feito criança.
Ah, essa onda chamada esperança.
Ainda hoje recomeço. Novinha em folha. Com força e sem muito celular.
Temos um mundo real pra consertar!
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OBRIGADA PELA COMPANHIA NESTE ANO!
QUE VENHA UM NOVO ANO, INES...PLICAVELMENTE MELHOR.
CHEIO DE LIVROS E ESPERANÇA!