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terça-feira, 16 de novembro de 2021

BANDEIRA, NO DIA DA BANDEIRA!



Era um peso danado ser a primeira da classe. Eu carregava um misto de vaidade com aborrecimento. A auto-exigência de ter as melhores notas, o melhor comportamento. Pra que tanta cobrança assim, pequena curumim? Hoje, não cobro nada tão serio de mim. Fui assim até meus dezesseis ou dezessete anos. Eu mirava a perfeição. Nove, eu aceitava. Oito, era decepção.

No dia da bandeira, a escola inteira se preparou para a festa. Enfeites, bandeirolas, fitas, professorinhas ufanistas. E eu, a primeira da lista. Escolhida para declamar a poesia de Manoel Bandeira. Foram dias e dias ensaiando café com pão, café com pão, café com pão. Virgem Maria que foi isso maquinista? Agora sim, café com pão, café com pão. Eu torrava o pão e a paciência dos meus irmãos, recitando em casa, o trem da repetição. Café com pão, café com pão. Eu queria a perfeição. Eu era tão exigente...

No dia da festa, o que era certo entortou. Perdi a hora. O despertador falhou. Às sete, a cerimônia começava. Levantei sete e meia passada. Saímos, minha mãe e eu, em disparada.  Roupas, às pressas colocadas, cabelo mal penteado, cara mal lavada. Corremos pelas ruas, desvairadas.  Passa poste, passa boi, passa boiada... Era o próprio trem de ferro em disparada para conseguir chegar ao menos antes da festa terminar. Eu, que era tão exigente...

Ao nos ver no portão da escola, com ar de súplica e esbaforidas, Dona Margarida, minha generosa professora pediu à diretora que encaixasse minha apresentação antes de encerrar a manhã festiva. E lá fui eu na frente de todos, reunindo a coragem que restava e com toda a força na fornalha, declamei o poema, sem muita interpretação...

Café com pão, café com pão, café com pão! Piuiii... Todos aplaudiram. Cantaram o hino, enquanto eu olhava no alto do mastro, a bandeira verde amarela que como eu, ainda tremulava.  

Teria sido uma vitória.  Não para mim.  Eu me daria uma nota três.  Eu era tão exigente...

 

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terça-feira, 9 de novembro de 2021

A PRIMEIRA VEZ... É AZUL!


As pernas finas e magrelas, quadriculadas de azul, efeito do vento frio vindo do sul, saltavam contentes, espalhando água pro alto e pra frente. Era a primeira vez que as crianças viam o mar. Num dia feio pra danar.

Foram longos dias de espera. Anchieta ou Estrada Velha? A rota antiga era mais bela. Curvas sinuosas, cachoeiras e mirantes pra ver do alto da serra. Além dos pontos de parada, os marcos da Independência. O Rancho da maioridade. A calçada do Lorena. O pouso Paranapiacaba, provável parada de Dom Pedro ensaiando o grito e lustrando a espada, sem muita paciência.

Não descemos pela estrada velha. A via Anchieta era mais segura. E tocar o mar era a nossa aventura. Em cada curva da pista, um horizonte novo azulava nossas vistas. Ora ao longe, ora ao fundo, o oceano Atlântico vasto e profundo.

No meio da serra já pesava a atmosfera. Ouvidos tapados. Prende o nariz e assopra. O ar faz a troca! Chegamos ao nível do mar. Praia a vista. Mar tranqüilo, sol, areia branquinha, peixes e conchinhas.

E não é que o tempo virou? A praia ficou cinzenta, o mar encrespou e o dia esfriou. Os meninos correram para as malas, tirando os maiôs. De tecido elástico, grandes e listrados. Com uma fivela de metal do lado. Podemos ir assim mesmo? As alminhas aflitas gritaram.

A mãe, que sempre agasalha e compreende, vestiu os garotos com uma malha grossa e quente. E lá foram eles. De blusa de lã e maiô cafona pular as primeiras ondas. A praia brava não atrapalhava. Nem o cinza escuro do mar. Nem a malha pesada.

Vi de longe a cena. Ao saírem felizes da água, ouviram de um chato sujeito... O que acharam desse feio mar cinzento?

Perfeito! Onde a gente entrou, só naquele pedacinho... o mar estava azulzinho!


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