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quarta-feira, 31 de agosto de 2016

O FIM DA COCADA?

                                                                                                  foto: Veja/SP
             
 Dona Jana era baiana das boas. Toda redonda. Peito boludo e traseiro avantajado, desses que levantam a saia branca quando anda. Vendia cocada na praça da Biquinha. Não tinha quem não a conhecia. Clientes, noite e dia... 

Toda de branco e fitinha do Bonfim, sabia canto nagô e pedia sempre aos orixás que abençoassem suas mãos divinas e cada filho novo, que todo ano vinha! Foram cinco doces garotinhos que ela foi fazendo, junto com quindim, paçoca e cocada queimada. E felizes foram crescendo qual fermento ao seu lado, com muito leite derramado, brigadeiros e bombocados

O tempo, porém, foi passando. O cabelo da Jana foi branqueando e a pracinha que era doce, jogada de um lado pro outro, foi se acabando... Pulando de canto em canto  e com o coração sangrando, Dona Jana e sua barraca foram aos poucos se  desmontando... 

Agora idosa e magrela, viu indo embora toda antiga clientela. Nem a tradição sobreviveu! Não veste branco e não tem mais a fitinha. Brigou com o orixá e com as novas vizinhas. Até o formato dos doces mudou na pobre e modernizada Biquinha!  

Aonde Jana foi parar? A baiana agora usa whatsapp e montou um web site! E por pura ironia, exibe seus doces em frente a uma academia... 

 Que disparate... Vende só cocadas diet!


 

 

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