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quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

EU ACREDITAVA...


Eu bem que tentava. Não conseguia ficar acordada. Às oito em ponto a nossa ceia de Natal começava. Pedido do meu pai, metódico e pontual. A mesa ganhava enfeites, frutas e toalha especial. Vermelha e branca, com margem de renda e desenhos natalinos. Renas, trenós, árvores e sinos. Em cima da toalha, taças cor de cereja! Diferente dos copos americanos que a gente sempre tinha na mesa . 

Os pratos especiais ficavam em exposição em cima do aparador. Geralmente frango, maionese fria e uma farofa que eu roubava na colher de pau e lambia escondida.

Havia arranjos com frutas frescas, pêssegos, uvas e cerejas. As secas, nozes, tâmaras e amêndoas. E as cozidas, castanhas portuguesas, de uma saudade ancestral, todas ajeitadas sobre a mesa.                             

Era tanta energia gasta ao longo do dia, que perto das dez eu desabava no colo de minha mãe e adormecia. A entrega dos presentes ficava para o outro dia. 

Durante a semana, a dúvida se repetia... Será que ele vem? Ou não vem mais? Papai Noel deve me achar grande demais... Minha mãe sorria! Eu fechava os meus olhos, deixando as janelas e a alma abertas para o trenó de sonhos entrar..

No dia vinte e cinco o despertador cedinho tocava e meu coração disparava no caminho até a sala. Os presentes estavam todos lá, reluzentes, colocados um a um estrategicamente. A casinha, a boneca, o palhaço de madeira, o indiozinho com apito... 

Eu acordava o mundo com meu grito! Ele veio! Ele veio!

Era a lenda, viva, saltando das minhas pequenas pupilas...  


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FELIZ NATAL!!!!!!!

QUERIDOS LEITORES DO INESPLICANDO!

MUITA PAZ, SAÚDE, E VIVA O ANIVERSARIANTE!



 

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

SEGURA A LUA...

Segura mais um pouco a lua... Só meia hora. Para que não anoiteça agora. Os raios de sol rebrilham as flores e os galhos mais altos. Ainda se vê o horizonte, as montanhas distantes e a linha que separa o céu e o mar.

Segura a lua mais um pouquinho... Recolhe e esconde em sua mão. Mas não devolve agora. Espere só meia hora. Um final de luz ilumina o fim do dia e há um resto de chama acesa em meu coração. Vou sair a céu aberto e me despedir de mais uma jornada. Dar adeus ao azul e às nuvens alaranjadas. Aos sonhos sonhados, mesmo não consumados. Ao amor revelado, mesmo não compreendido. Adeus aos últimos raios de sol que já vão se pondo descolorindo os meninos, vultos cinzentos ao longe sumindo...

É estranha em mim a sensação do entardecer. Um tom de lamento. Das coisas lindas e findas. Do resignar pelo dia, único, que não vai voltar. No lusco-fusco confuso do entardecer, eu sempre me confundo. É dia ainda? Ou já é noite? Espero mais alguns instantes. As coisas vão se apagando de vez. Os telhados das casas, as ruas e as calçadas, até que os primeiros faróis começam a iluminar. Não há mais como adiar.

Os passarinhos voltam, todos em revoada para suas árvores e para os seus ninhos... Pode trazer a lua agora. Que venha a noite com seu brilho e encantos. Nada de entristecer. Apenas mais um entardecer! E antes que a noite se instale de vez, eu volto voando pra casa e me recolho sonhando com o sol da manhã, mais uma vez... 



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quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

UM NATAL DIFERENTE?


Este ano... eu queria um Natal diferente. Com o jeito leve, de antigamente. Crianças barulhentas e amontoadas abrindo os presentes. A árvore de Natal caindo pelos cantos e o gatinho se esgueirando e sumindo, com cara lavada de quem nada teve a ver com isso. Traquinagem e malabarismo natalino dos felinos ...

Queria pratos fartos e gente roubando azeitonas com dedos lisos. Enfiando escondido, uvas ou cerejas na boca e sorrindo. Entornando um gole de cerveja do copo esquecido sobre a mesa, como fazia Tereza saindo depois à francesa...

Este ano eu queria um Natal diferente. Com as coisas tradicionais de sempre. Um Papai Noel de araque, amigo da família, de roupa alugada chegando à meia noite para alegrar a garotada. Identidade nada secreta. A melhor parte da festa. Momentos de magia. O perpetuar inocente, de geração em geração em geração, da lapônica fantasia...

Eu queria um Natal diferente. Com as músicas de sempre. Na tevê, no rádio ou qualquer mídia atual. Pois, mesmo que não pareça, chegou o Natal. Aceito ouvir harpa paraguaia, contanto que a gente não esmoreça. Que o silêncio e o temor dos novos tempos não prevaleçam!

Este ano eu queria um Natal diferente... Tudo muito simples, igual àqueles que um dia a gente fez. Não faço questão de presente! Este ano, eu só quero um Natal.... com abraços e gente!


Foto : Thinkstock

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