Páginas

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

O CANTO MÁGICO

O terreno era imenso. Tomava quase um quarteirão inteiro. Irregular e baldio. Com algum mato espalhado e armações de cimento escurecidas pelo tempo. Escombros de uma construção antiga e misteriosamente interrompida.
Os vizinhos mais antigos diziam ter sido um cemitério indígena e por isso, nada ali vingava. Ninguém conseguia construir. E os que tentavam, desistiam. Talvez com medo de um cacique fantasma ou uma tribo zumbi, antropofágica. Não acredito! Mas não duvido...
Penso que os lugares, as esquinas, as casas, guardam energias. Medos, desejos e sentimentos que não conseguiram se soltar. Sinto logo de pronto, quando entro pela primeira vez em um ambiente ou lugar. Ora leve. Ora pesado. Às vezes... encantado.
Devem ser as paredes. Elas talvez conservem a energia dos que lá viveram. Parece que tudo fica impregnado. No vão das portas. No teto. No chão. No ar. Um campo energético sutil e impalpável. Porém, sensível à alma. E que arrepio que dá!  Talvez por isso alguns comércios nunca dão certo em estranhos locais. Ah, naquela esquina tem caveira de burro! Energia densa. Só pode ser. Não entre sem se benzer!
Ao contrário dos terrenos negativos, existem cantos que nos enchem de paz e harmonia. Onde a felicidade se respira, inspira e contagia. Um santo abrigo de luz e poesia.
Eu tenho um desses na minha casa. O cantinho especial. Um vasinho com flor e uma cadeira de balanço. É lá que esqueço do tempo. Dos compromissos, da pressa e do almoço... Nesse canto tudo cresce. As flores duram meses. Os sonhos reaparecem. E quem senta, rejuvenesce. Pelo menos parece...
Ontem tirei umas horinhas na cadeira de palha, com roupa folgada e sandália, só para descansar do mundo. Imaginei lugares incríveis e bonitos. A África, o Nilo, as pirâmides do Egito... 
Tenho pra mim, que se os pesquisadores me visitassem e cavassem fundo o meu chão, encontrariam uma imensa pirâmide... E no centro, Tutankamon!

*                         *                           *              
               
 OBRIGADA PELA VISITA NO BLOG! 
 





quarta-feira, 13 de novembro de 2019

PRESENTE DO DIA!

Às vezes, era o pedreiro. Outras, a faxineira do prédio. Até para os limpadores de vidro que se dependuravam nos andaimes do alto edifício e desciam com cordas, andar por andar, num perigoso manejar. Ela abria a janela e oferecia o carinho... vai um café quentinho? 

Ninguém resistia. Sabor de magia! Café feito na hora. Soltando fumaça. Numa xícara branca de porcelana. Ou num copo comum de bar. Importava era ofertar. Este ritual da Dona Olga passou de mãe para filha. Sempre que posso, ofereço um bom café. Gesto amigo, hereditariamente reproduzido. Uma pausa no trabalho cansativo. Funciona feito ombro amigo. 

O senhor Hiro, dono de um Sushi Bar conhecido no litoral também é assim. Gentil e cordial como bom oriental. Tem sempre um presente para os clientes. Seu rancho é coberto de flores. Orquídeas, lírios, primaveras exuberantes. Tem um lago para pesca de lazer. E carpas brancas e pintadas num aquário, no meio do restaurante, desfilando em vai e vem...   

Engenheiro formado, Hiro está há mais de quarenta anos no Brasil. Ainda fala “engoraçado”. E agora, aposentado, cuida das plantas e dos amigos... Na primeira vez que fomos ao seu restaurante, ele nos deu um presente. Foi no final do jantar. Sem nada dizer. Veio com um pacotinho de bananas da terra para nos oferecer. Obrigada, seo Hiro, pelo carinho... 

Na segunda vez, nos deu milho. Depois, maxixe pra colocar no feijão. E assim foi indo, entre conversas gostosas sobre a mesa, sobre a vida, sobremesas... e outras delicadezas. 

No último jantar fomos mais ousados. Não vai nos dar um café passado? Seu Hiro sorriu. Entrou no restaurante e trouxe duas xícaras fumegantes. Mas, de chá de kinkan. Com mel. E sem gengibre!
Seo Hiro é assim. O presente do dia. Ele é quem decide! 




*****************************************

 "INESPLICANDO VOL2!"

PEÇA  JÁ O SEU EXEMPLAR! 

NAS GRANDES PLATAFORMAS DE VENDA 
... OU NA LIVRARIA MARTINS FONTES!

e atenção...

O livro de crônicas "Inesplicando" 50 crônicas e um poema
você ainda pode adquirir e receber pelo correio com dedicatória!
Peça pelo what's 13 997754072. 

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

O MENINO E O CASTELO...


Ele ficou horas ali, construindo. Pinguinho por pinguinho. Areia mole e cinzenta escorrendo dos seus dedos miúdos e arquitetos. Fez montinhos, caminhos, janelas e tetos. Colocou um palitinho dentro de uma espécie de cela. Seria uma princesa? Uma espada de realeza? Num Castelo inventado, podia ter o que ele bem quisesse. Reis. Rainhas. Leões. Serpentes. Tampinhas e palitos de dente... Ou nada, simplesmente. Apenas uma muralha quadrada, erguida com pingos de areia molhada.

Fiquei olhando o menino meio distante, sem ser notada. Imaginando de onde veio cada detalhe. Os contornos. Os entalhes. Das histórias contadas em noites de Natal? Dos livros de fantasia? Memória ancestral? Suas mãos pequeninas moldavam a areia numa cena natural. O menino e seu Castelo de areia. Não ficou muito bonito. Um tanto frágil. Mas, real.  

Meu olhar distraído nas ondas do oceano indo e vindo, só viu uma forte onda feroz invadindo. Sem tempo para nada. Água volumosa. Desvairada. Levando o Castelo e a cidade inteira que foi desfalecendo lentamente na areia... 

Será que matou a princesa? Os Leões? O Rei? Olhei para trás. O menino não estava mais. Vi sua figura morena já seguindo ao longe e distraído. Não viu a cena.  Nem o seu castelo sumindo...  

Não havia mais nada agora. Só areia lisa e uma rasa cratera. A praia ficou vazia, sem o Castelo e sua história. Em mim, a lembrança da cena. As muralhas. As janelas. A rainha. O rei. E o sonho que, através do menino, eu sonhei...      



*************************************** 




DÊ LIVROS PARA OS SEUS AMIGOS!

O LINK PARA COMPRAR O LIVRO "INESPLICANDO" 

ESTÁ NO CANTO ALTO DIREITO DO BLOGUE, NA VERSÃO WEB. 

BASTA CLICAR NA IMAGEM DO LIVRO!  COMPRE E RECEBA EM CASA!