Era noite de fogueira. Depois da
chuva forte de uma semana inteira. Retiramos do armário nossos chapéus de palha e
roupas remendadas, aquecidos ao calor das lembranças das festas da infância.
A chama estava viva. Os vizinhos da rua, em lúdica expectativa. Recolhemos as toras de madeira pelos terrenos vazios deixando numa espécie de quintal coberto com um teto quente de lambril. Até sábado, seria um bom tempo de secamento...
As bandeirinhas em papéis de seda coloriam feito Volpi a rua redesenhada. Estavam por toda parte, nos postes, nas árvores, num grande ziguezague. Rua fechada. Carro nenhum passava. Havia um clima de interior, Divisões de tarefas nos pratos da estação. Maria, caldo verde, Antonio, o milho, Tia Rosa, pipoca, Tio João, o quentão.
Sábado veio e anoiteceu. A noite caipira foi se enchendo de estrelas. São límpidas as noites frias de inverno. Brilhantes, como se alguém lavasse as estrelas, lustrasse os astros e pintasse a lua de um branco iluminador.
No meio da rua, a fogueira armada. De quatro em quatro, as toras empilhadas e ligeiramente úmidas davam apreensão. Só um fogo ardendo por dentro lhe daria vida e vigor.
Começaram as tentativas. O fogo pálido surgia e logo sucumbia. Álcool, abanos, gravetos fininhos. Nada adiantava. As crianças decepcionadas começaram a brincar de bola. Outros não ligaram. Comiam, bebiam e falavam. João pegou a viola.
Às duas da madrugada não havia mais nada. Nem gente e comida, nem fogueira e criançada. Exaustos, sentamos resignados na frente das toras ainda inteiras e a viola tocou a última moda seresteira...
De repente o clarão de arrepiar. Um estalo e o crepitar. A chama forte começava a levantar. O fogo que hipnotiza. Ígnea viva. Que queima e arde os afoitos. Aos poetas e loucos acende os sonhos.
Ficamos olhando a fogueira até o
dia clarear.
Muitos não viram. Dormiram...
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DIA 5 DE JULHO, ÁS 17 HORAS...
NA BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO DE SÃO PAULO
SESSÃO DE AUTOGRÁFOS DOS LIVROS INESPLICANDO
ESPERO VOCÊS COM MUITO PRAZER...
ESTANDE DA CHIADO BOOKS - GRUPO EDITORAIL ATLÂNTICO