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quarta-feira, 16 de agosto de 2017

DÁ PRA FALAR AGORA?

 
Precisava falar com Deus... Mas tinha que ser agora!
Fico zangada quando encontro a porta da igreja fechada. E não tem ninguém pra me escutar. Tenho que ter hora marcada pra falar com Deus? E se for urgente? Se precisar falar neste exato momento?
A violência anda em alta, é certo, e até santo no altar está desaparecendo. Mas precisava tanto falar... Se fosse de madrugada, a porta trancada, eu até entenderia. Mas, no domingo? É trágico! Ainda nem acabou o Fantástico...
Precisava falar em particular. Não na missa. Cheia de gente orando.Vozes e cantos. Queria Tête-à-Tête!  Falar baixinho. Contar umas coisinhas. Fazer uns pedidinhos... Alguns desabafos e arrependimentos. Mas, sobretudo, trocar uma idéia. Saber se o  caminho está certo. Que nota estou... de comportamento?
Mas com a porta fechada, fechou o tempo! E o coração. Devo marcar outra hora? Assim como no dentista, no médico ou no massagista? Ora, Deus não faria isso. Deus não pede pra adiar.
Bato palmas! Não tem coroinha. Nem padre na sacristia. Nem ninguém que possa intermediar. Por um instante me divirto imaginando Deus em grupos do whatsapp, facebook, instagram... Não! Deus não aguentaria tanto ódio e negação...
Desisto do nosso encontro urgente. Descobrirei outra maneira de lhe falar, quando a dor apertar. Volto caminhando pra casa, cabeça baixa em desapontamento.
Sem perceber que na esquina ao lado, com um morador de rua, em afável bate papo... estava Deus!
Eu nem vi! Ele que me contou ...



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quarta-feira, 9 de agosto de 2017

LICENÇA PARA ANDAR



Às vezes sinto uma vontade imensa de largar a rotina e andar.
Andar por andar... Numa estrada de terra ou na areia, perto do mar.
Não me pergunte quantas horas ou quantos dias. Trata-se de uma licença indeterminada para andar. E não me venha com a ideia de ir a Compostela. Não quero metas, nem objetivos a alcançar. Andar por andar! 
Também não quero ninguém no caminho. Talvez um passarinho. Um lagarto. Ou uma conchinha do mar. Quero o vazio. Esvaziar... Livres, o coração e a mente.
Caminhar sem pensamento, sentimento, lamento, contratempo ou investimento... Quero braços e pernas em movimento cadenciado. Coração tuntaqueando sossegado.
E a alma desdobrada, flutuando bem ao lado. Leveza, sem meditação. Sozinho, sem solidão! Andar por andar, sem maior ou menor explicação.
E depois de algum tempo, vagando, saberei a hora de voltar. Com certa satisfação. Como no último dia de uma longa viagem... Mas sem as malas entuchadas. Nem ticket de passagem.
Vou dar meia volta, somente, e recomeçar...
Um dia vou saber, onde enfim, quero chegar!

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segunda-feira, 7 de agosto de 2017

ANTES DE LEVANTAR...


Alguns permanecem no mesmo lugar. Há décadas... Tomam sol. Tomam chuva. Só a paisagem é que muda. Eles continuam mudos. Mas tenho lá minhas dúvidas, se não ouvem tudo que se passa. Pobres bancos das ruas e das praças. Como deve ser torturante...
Milhares de pessoas se sentam. Conversam e se deitam em seus acolhedores assentos. Imagino as conversas truncadas e sem desfecho. Papos interessantes que dão cabo com frases curtas, cortantes...  - Olha o ônibus! Vamos? E o banco, coitado, sem nada concluído, vê de longe os recém amigos partindo...  
Os bancos são referência. São abrigo. Dos velhos cansados. Dos aflitos. Dos amantes. Dos solitários e esquecidos. Os bancos ouvem toda essa gente. Ouvem a crente e sua novena. Ouvem a intriga da loira com a morena. Ouvem os lamentos das viúvas. Pais e filhos com suas dúvidas. Senhoras e seus cãezinhos. Mendigos e pivetinhos. Tudo com tempo determinado. E nenhum assunto finalizado...  
As cozinheiras trocam receitas inteiras e na hora de contar o segredo, falam baixinho... -Vamos andando. Eu te conto no caminho!  Ninguém pensa no pobre banco. Que ganha rabiscos, mais que carinhos!  
No entanto, o que mais deve incomodar aos velhos assentos, são os casais briguentos que nele se encontram e se sentam. Ah, se pudessem dizer que isso tudo é uma grande bobagem... Que os dois, mais tarde, voltarão ao banco e quem sabe, se sentarão sozinhos e cansados, procurando o amor do passado. Era melhor que tivessem ocupados com beijos e abraços, sexo e embaraço! Mas não. No seu silêncio sepulcral, os bancos não dão conselhos. Nem sabem o final.
Mas tenho certeza que eles ouvem. E se pudessem falar, sairiam correndo atrás de quem seguiu andando e pediriam suplicando: Conta pra mim?
Pelo menos uma vez... o fim?
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quarta-feira, 2 de agosto de 2017

É DOIDA A LUA?




A lua anda! Branda. No meio da noite. No fim da rua. 
Às vezes surge na minha janela, imensa e amarela. Bela donzela! Às vezes é filete minguante. Feito a vida, Foice cortante.
Outras vezes é nova. Branca de luz e magia. Lua das musas e fadas madrinhas. 
São tantas as luas... Lua dos amantes. Das cartas de tarô. Lua pequena e distante. Lua vermelha de sangue. Lua cheia. Lua dos homens e do Lobisomem. 
Lua de São Jorge.  Lua do teatro No. Lua dos nevoeiros... Do sertão, dos seresteiros. Lua do brilho prateado no mar. Lua de Ushuaia, do deserto de Madagascar! E dos loucos como ela, a girar.
É doida a lua, sim! Lua que boia e flutua. Dona de estranho poder. Acorda os poetas, faz criança adormecer. 
E depois de tanta aventura, a lua ainda anda, nas noites frias... completamente nua!
É doida a lua!   
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Poesia adaptada da crônica É doida a Lua ( Inesplicando Vol1) 
Veja o vídeo poema no youtube neste link https://youtu.be/WyHhxiCYtek