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sexta-feira, 28 de outubro de 2016

JURAS DE JURERÊ


                                                                
Difícil não se apaixonar em Floripa. Por Floripa.
Lindas praias, luar. E um tempo mais lento pra sonhar...
Floripa da Lagoinha, rústica e bela
e do riso das crianças, na praia de Daniela.

Dos surfistas apressados para o sol e o mar,
se a praia, Brava, deixar.
Das areias gritantes da praia Mole
e com um pouquinho de sorte,
o melhor pôr do sol na praia do Forte!
Floripa das ostras fresquinhas de Ribeirão da Ilha,
ruas estreitas, restaurantes, famílias...
Das dunas de Joaquina, rendeiras e mãos divinas.

De Santo Antônio de Lisboa e Sambaqui.
Casas portuguesas, com certeza, aqui e ali!
Floripa do Mercado Municipal.
Do cooper na Beira Mar e coisa e tal...

E o tempero de sol e sal
da praia do Campeche.
Do Pântano do sul e da Solidão.
Dos bilhetes do Bar do Arante
e o pastel de berbigão!
Pra quem tudo vê com o coração,
uma lagoa de paz,
na Conceição...

Difícil não se apaixonar em Floripa.
Por Floripa e por alguém...
Foi lá que o manézinho da ilha,
pobre de se ver,
conquistou o coração
da menina rica de Jurerê.
E foram juras e mais juras...
Juras no mar. Juras ao luar.
Juras de amor de mil anos.
Juras com sotaque açoriano.
Juras, do Jurerê
... até a Hercílio Luz!

E os dois seguiram pela ponte iluminada,
de mãos dadas,
O manézinho e a sua amada.
Sem pompa, sem mistério, nem separação.
Só amor, luz e paixão.
E as juras de Jurerê
sempre serão ouvidas no meu coração.
Porque esse romance
nobre-plebeu, se deu,
apenas na minha imaginação.

Ah... Floripa!


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quarta-feira, 12 de outubro de 2016

RESENHA DO MÊS: "O POETA DA MADRUGADA"

         
 
                    Tu vens! Eu já escuto teus sinais...

Foi com essa melodia na cabeça e a secura de quem espera água no sertão, que aguardei o “Poeta da madrugada” chegar em minhas mãos, rasgando o envelope do correio com o carimbo e a "anunciação": Alceu chegou!     

Não veio numa manhã de domingo. Nem ouvi o anúncio nos sinos das catedrais. Chegou numa segunda. Veio de Portugal. E inspirada no poeta, aproveitei a noite de lua cheia e devorei feito onça pintada, folha por folha, a poesia Valenciana em forma de música que encantou e ainda encanta o Brasil.

Conheço a maior parte da obra musical de Alceu Valença, afinal foram trinta anos de trabalho em rádio e confesso que não me surpreendi. Seus poemas soam como música. Tem melodia interior. Às vezes, um galope leve e elegante nas areias do agreste. Às vezes, cavalo sedento em disparada. Alceu impõe ritmo aos versos e passeia por diferentes universos. Vai do popular ao erudito. São recorrentes temas como o vento, a saudade, a solidão e o tempo.

Uma constante travessia, do real à utopia. Cantando amores e seus dissabores. Versos com ritmo pulsante. Dá vontade de ler cantando! 

A primeira parte do livro é quase biografia.  A estrada, sua sina...

        “ Aonde é que tu vais, senhora estrada/ Companheira fiel do meu destino...

Depois, retratos da terra natal, São Bento do Una, de Recife e Olinda... O amor às suas raízes...

         “O sol acorda São Bento/ De modo tão desatento...

         “Minha Recife adorada/ Ficaste em mim incrustada
          Como jóia que se guarda...

         “Olinda/ Tens a paz dos mosteiros da Índia...

          "Tu és linda pra mim és ainda/ Minha mulher”...    

E Alceu segue viagem. Rio, Paris e Lisboa...

         “Morena de Copacabana/ E meu olhar estrangeiro

          Toda cidade no cio/ Ah, meu Rio de Janeiro”...

          “Dizem que moro em Paris/ Quase chego a acreditar

          Aqui moro e não moro/ O meu verbo é transitório”...

          -“Ah Lisboa, tua noite me comove!!!/ O meu berro cruza o Tejo

           e o Atlântico.... Chega a bares de Recife e de Olinda...

Na segunda parte do livro, o poeta que cantava as cidades, fala agora sobre o tempo e as horas. E nos arrebata com a solidão que devora...

          “... é prima irmã do tempo/  que faz nossos relógios caminharem lentos”...

No final do livro, um presente de Alceu:  Romance da Bela Inês, um poema, que eu tola, pensei que fosse meu!

O livro de Alceu Valença deixa os seus sinais.

          “escrevo sobre o nada, pelo simples prazer de escrever...

Suave e gostosa leitura, Poesia pura derramada em setenta e três poemasescritos de 1967 até 2014. Vale a pena se entregar ao Poeta da Madrugada! Porque tem a cara de Alceu Valença. Poesia com baião e embolada. Pernambuquice desenfreada. Frevo com forró, bumba meu boi e mulher amada... 

Tudo no livro é poesia e melodia ritmada. Tudo Alceu! Ou, ao nosso... dispor! 

            *            *         *         *


               

Obra: O Poeta da Madrugada – Editora Chiado Books

            Autor: Alceu Valença

            Data de publicação: Janeiro de 2015

            Número de páginas: 108

            Coleção: Prazeres Poéticos

            Gênero: Poesia

           https://www.chiadoeditora.com/

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