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quarta-feira, 29 de abril de 2020

ABRIL, OU NÃO ABRIU?

Março se foi... Abril não abriu. Se abriu, ninguém viu. As orquídeas abriram. As tartarugas saíram. Cruzaram a praia vazia e caminharam tranquilas para se salvar. As baleias e os golfinhos voltaram. E dão pulos no contentes no mar...

Abril não abriu e nossos sorrisos se fecharam. Vidas se perderam. Nossos olhos se arregalaram. Abril não foi abril. Não vimos a folha que caiu. Caíram coisas maiores, no mundo e no Brasil. A loja não abriu. A fábrica não abriu. A festa não aconteceu. Mas o sol saiu...
Ninguém abriu a porta para ninguém. Não abrimos a champanhe, porque não convém. Abrimos a janela e vimos o mundo vazio... Vez ou outra um enfermeiro, um médico, um jornalista, uma atendente, prestando um serviço urgente. Ou um louco, além dos desesperados e dos descrentes... Muito pouco para abril. Abril que abriu descontente. Com a atitude do vírus e, sobretudo, da gente.

Mas as flores não sabiam da pandemia. Abriram na minha varanda, com incontáveis brotos, vivos e soltos, todos os dias. Elas não sabem do vírus que contagia e que anda matando os humanos. Não sabem também os animais, nem o cais, nem o oceano. Nem sequer imagina o ar, agora mais puro, que enquanto vivos e sãos, respiramos.

Abril abriu, sim. Abriu de outra forma. Abriu mentes. As mais solidárias. Para um mundo menos indiferente. Que sente a dor e, sobretudo, o amor das diferentes gentes. 
Abril abriu para preparar um tempo mais resistente...

E as orquídeas que não sabem da pandemia, abriram coloridas, nos convidando para uma nova ordem. Uma nova vida...  De braços e longos abraços com a esperança. 

Que venha maio, com seu vento de mudanças!    



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quinta-feira, 23 de abril de 2020

LEITE NA GARRAFA?


Era na garrafa. Com tampinha de alumínio. Prata ou cor de rosa. Eu lambia a nata que grudava. A seguir, vinha a bronca: - Não põe a boca! Eu saía sem graça, feito gato que sai de fininho, com leite no bigodinho...

O leite na garrafa era comum nos supermercados. Mais uma das embalagens românticas e artesanais do passado. Depois, o leite já vinha em saquinho plástico. Mole e desajeitado. Com a faca, eu fazia o corte. Arranjava uma jarra de suporte. E dito e feito! Deixava o leite cair lá dentro: - Tira logo. Senão fica azedo...

Os pacotes tinham rótulos em vermelho, verde ou azul violeta. Tipo A, B ou C. A embalagem era a mesma. Na gordura e no preço, a diferença! O vermelho era caro demais. – Se tiver só ele, não traz! A caixinha de fósforos também tinha seu charmezinho. Vinha com um selinho para a caixinha não abrir. Eu tirava com cuidado. Pra não sair rasgado. Besteira. Ia pra lixeira...

Os chocolates também tinham românticas embalagens, com um papel de seda ou manteiga cobrindo a barra delicadamente. E nos bombons, um papel laminado por dentro que as meninas alisavam e colocavam dentro do diário, com o nome de algum pretendente. A lembrança durava uma ou duas páginas, somente. Eram volúveis os corações adolescentes . 

Minha mãe dizia que o homem do leite batia à porta da freguesia. Trazia  as garrafas em engradados dentro de um carrinho de metal. Assim era com o vendedor de ovos, de carne e o senhor da padaria...

Quem diria, a quarentena nos levou uns cinquenta anos pra trás. Estão entregando tudo em casa, novamente... Ovos, leite, pãezinhos quentes. E o uso abusivo do plástico e das caixinhas anda matando os animais...  

Quem sabe, depois da pandemia, não bate na minha porta, um velho senhorzinho, com duas garrafas de leite fresquinho! 
Ah, eu ia dar um abraço... que abraço! 


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quarta-feira, 15 de abril de 2020

CONVERSA AO VENTO...


Está ventando forte! Muito. Respondi ao rapaz que caminhava ao meu lado na avenida larga sem qualquer abrigo. Na frente, o mar agitado e coqueiros envergavam retorcidos. O vento faz mal? Às vezes, respondi amigavelmente enquanto seguíamos a passos rápidos para ganhar calor nas pernas e nos braços.

Ainda bem que não está chovendo. Seria pior. Mas eu gosto da chuva! Eu também, mas não quando estou na rua. Sabia que fez dez meses de calor? Não sabia, não. Eu gosto do calor. Eu também. Mas aumenta minha pressão... com o olhar triste, o rapaz emendou e a conversa foi...  

Prefere o frio, então? Gosto do frio e do calor. Gosto dos dois, o rapaz  de alma ingênua explicou... Mas sem esse vento forte, não é mesmo? O vento faz mal? Ele insistiu... Se for gelado como o deste dia, pode dar pneumonia. Eu nunca tive pneumonia... Que sorte a sua. Pneumonia cura? Cura! Mas é difícil de sarar. Pode matar? Creio que sim...

E foi indo assim, ao sabor do vento, a nossa breve e leve caminhada, recheada de perguntas e respostas repetidas, sem muito conhecimento. Conversa climática. Às vezes, lunática. Que surgiu do nada, na rua da ventania gelada. 

Chegamos próximos ao banco. Parei na porta. O rapaz parou em frente. E disse com sua singeleza de menino puro e crente... Não adianta nada a gente gostar ou não gostar. Nessas coisas de tempo, calor, frio, chuva, vento de congelar... Quem manda é Deus! A gente tem que aceitar. 

Sorri, beijando seu rosto com o meu olhar. 
E o vento, agora amigo, levou noutro sopro o rapaz...


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quarta-feira, 1 de abril de 2020

AS PRIMEIRAS MANHÃS...


A primeira manhã de um dia lindo, é um filho sorrindo... Cheiro de café forte, coando. Pãozinho quente, estalando. Dia bom de trabalho. Afetos. Gestos. Família. Amigos por perto...

A primeira manhã das férias... É o sol entrando pela janela. Ou a chuva. Ou o vento. Não importa. É manhã de preguiça por dentro, Tempo de relaxar. O corpo e a alma. Na rede. No campo. No mar. Ou, no cantinho desarrumado do seu quartinho amado, sem ninguém pra atrapalhar...

A primeira manhã do casamento... Na cama, o outro do lado. Não por um momento. Agora, por um estado. Casados! Ruídos noturnos. Travesseiros roubados. Quem dorme de qual lado? Manhã de enlaces, reencaixes e entusiasmo. Manhã dos enamorados...

A primeira manhã depois da morte e da dor... Depois do sono anestésico e consolador. É a manhã do cansaço. Da soltura do laço. Manhã de um coração que passará várias manhãs, aos pedaços...

As primeiras manhãs são, muitas vezes, aulas restauradoras. Mesmo depois da briga. Da fadiga. Do carnaval. Do mal. Da epidemia... O Mundo estará de volta. Aulas. Trabalho. Cansaço. Utopia. E um resto que sobrou, de música e poesia, pra amenizar o fim do dia.

 A primeira manhã, depois de tudo... é sempre um recomeço!



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