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terça-feira, 14 de novembro de 2023

TROMBA DE CALOR!


O mapa de atrações do Parque temático era um labirinto. Ao invés do musical de sereias cantantes, paramos num mini Zoológico com animais sonolentos e entristecidos.
Um espaço grande e com animais alimentados. Mas o calor escaldante do dia deixava os bichos lentos e entediados. Os maiores, jogados por sobre as pedras, como o urso e o leão, tinham um ar de melancolia naquele enjaulado dia. Eu apertava meus passos e meu coração.   
Avistei os flamingos, os macaquinhos e os nada pacatos suricatos. Muito alegres, um barato! Quem me encantou de fato foi a elefanta, ou aliá. Eu prefiro “elefanta”, o som do “anta” parece combinar com o movimento alongado da sua enorme tromba. Bem longa. De grande e boa milonga. À procura de água para encher a tromba e se refrescar...

Ela começou um lento caminhar em nossa direção. Havia um fosso, mas não era distante e pudemos acompanhar o desfile monumental. Uma massa grossa de fina graça e elegância vindo mansamente com suas centenas de quilos e pele enrugada. Balançado a tromba e a pênsil cauda. Parou em frente do grupo e vaidosa, ajeitou-se para posar.

Cabeça enorme. Olhinhos pretinhos e miúdos. Virou para um lado e para o outro, moveu a tromba, coçando delicadamente suas patas, esfregando a direita na esquerda, num movimento leve feito balé. Senti ali a poesia de Drummond, que dizia se fantasiar em frágil elefante de papel crepom e sair às ruas, desmoronando todos os dias...

Meu coração de algodão quase se desmanchou ao ver o desalento e a solidão. E no meio daquele mini zoológico escaldante veio a vontade nada poética e delirante de dar uma patada gigante em quem prendeu os animais ali. 

Tirem já esses bichos entristecidos... daí!




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VEM NOVIDADE POR AÍ...

NO INESPLICANDO!

AGUARDE!