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segunda-feira, 18 de setembro de 2023

PASSARINHOU, FLORESCEU, FLORIU...



Abelhinhas fartas e meladas entraram valsando pela janela aberta como se tivessem cumprido seu grande papel. E pelas asas de alegria, devem ter produzido um ou dois baldes de mel. Chegaram as borboletas azuis, amarelas e pretas. Sabiam de alguma novidade. Largaram, amarrotadas, seus escuros casulos e pela primeira vez, experimentaram voos mambembes e inseguros à luz da liberdade.  
      

Os curiós, curiosos, foram os primeiros a saber. Não deram um pio. Um deles fingiu que não me viu. Comecei a desconfiar de alguma notícia mais quente. Os bem-te-vis bem-te-viram bem antes de todos que as paisagens estavam diferentes e entoaram notas de terças numa eloquente harmonia sertaneja.

 

A grama estava mais verde. Sapos pulavam. Insetos voavam. Nos cantos, bichinhos doidos se embolavam. E sem pudor se amavam. Que raios acontecia ao redor? Quem espalhava esse tanto de amor? E sacudia poléns afrodisíacos nas florações?

 

O bem me quer não bem me quis estragar a surpresa. Melhor perguntar à mãe natureza. Fui até o pé de milho. Sussurrei ao pé do seu verde-amarelo ouvido... quem é que arrancou o terno cinza e vestiu todo mundo com traje florido? 

O milho pipocou e não falou. O dente de leão rugiu, mas não contou. Nem o vento quente que bateu, me soprou. Alguém pode dizer o que foi que rolou? Tudo desabrochou. Explodiu de amor...


E debaixo da janela, a Maria sem vergonha, tagarela não se segurou... ainda não sabe?

A primavera... que chegou!



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terça-feira, 5 de setembro de 2023

NO MEIO DAS ÁGUAS...


O rio Una desce a serra para desaguar no cantinho do mar. Escuro. Quase preto. Una. Como os indígenas o batizaram. Suas águas, negras, chegam penetrando lentamente o oceano em faixas escuras e disformes, sem contudo se misturar no verde claro do mar.  

Do alto, as diferentes cores se distinguem. É fácil enxergar. Claro aqui. Escuro acolá. Mas é de perto que o entremeio nebuloso aparece. Ponto turvo. Onde as águas se entranham... Onde o rio não é mais rio. E o mar, ainda não é mar. Nem doce, nem salgado. Meio termo. Sal adoçado. Meio limbo. Meio aflição. 

Que tipo de peixe vive lá? Dizem que as tainhas sobrevivem. Suportam as maiores mudanças. De ambiente. De pressão. Aguentam firmes a exaustão. Certamente irão mais longe desse jeito... Sardinhas à direita. Robalos à esquerda. Homens a pescar.  

Lisas, as tainhas acenam pra cá. Escapam pra lá. Para duramente chegar ao seu verdadeiro habitat! Fico imaginando quantas vezes fazemos esse mesmo trajeto  turvilíneo. Quantos mergulhos em águas nebulosas. À procura do nosso lugar. 

E seguimos, peixes urbanos, contra fortes correntes e sob pressão. Por paisagens que não gostamos. Lugares que não pertencemos. Gentes que não reconhecemos.

Feito tainhas, atravessamos. Ligeiros. Sem nos deixar contaminar. Pois o maior risco dessa travessia, talvez seja se acostumar. E viver, eternamente, no líquido insípido. 

Daquilo que não é rio. Daquilo que nem é mar!     



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