Não vou esquecer seus olhos azuis e marejados no dia do último abraço. Hoje, folheando o livro que ele nos presenteou, revi a carta indesejada falando da sua partida e da missa de sétimo dia...
terça-feira, 25 de maio de 2021
BOA VIAGEM... ALEMÃO!
Não vou esquecer seus olhos azuis e marejados no dia do último abraço. Hoje, folheando o livro que ele nos presenteou, revi a carta indesejada falando da sua partida e da missa de sétimo dia...
quarta-feira, 19 de maio de 2021
ORELHA DE PAU?
Meu passatempo preferido é andar pelas ruas da vizinhança observando as árvores e flores que interagem na paisagem urbana. Sempre há uma surpresinha aqui e ali. Uma flor que eu não conhecia. Uma orquídea nova florescendo e sorrindo. Uma ou outra pitanga bem no alto que nenhum atrevido conseguiu pegar de assalto.
Sofri ao ver o velho e enorme chapéu de sol, vítima de uma poda destrutiva e desastrosa, se transformar num tronco sem vida. Olhei o tronco com dor, lembrando da sua copa aberta e generosa, alegre e espraiada, agora um pedaço de tronco torto e mais nada.
Veio a seguir a surpresa inesperada. O tronco pelado estava florido! Enfeitado de branco. Com pétalas grandes encravadas. Pareciam rosas grudadas. Fui me aproximando tentando entender a visão surpreendente. Não achei brotos nem flores, apenas cogumelos estranhos à minha frente!
Os cogumelos tem aura de mistério e magia. Estão nas lendas e fantasias. Aparecem subitamente em bosques úmidos e sombrios. Alguns são venenosos como os mais famosos de chapeuzinho vermelho e pintas brancas. Conhecido como Amanita ou Cogumelo do Papai Noel. Por conta da sua ingestão, os nórdicos talvez vissem renas e trenós voando no céu...
Deixei de onda os alucinógenos e fui procurar os tais cogumelos brancos entre as centenas de tipos e diferentes formas. Queria saber o que enfeitava o tronco oco do antigo e exuberante chapéu de sol. Encontrei vários, muito bonitos de se ver. Várias cores e padrões. Alguns bons de comer!
O orelha de pau foi o que mais se aproximou. Não sei se é ele o cogumelo que nasceu no tronco seco e cheio de rachaduras. Mas me encantou a ideia de ser uma orelha dura. Continuo andando pelas ruas olhando as árvores. Sentindo a dor do corte e da morte de algumas.
O sol continuará firme e forte brilhando além das tragédias provocadas pelo homem. E depois das chuvas, alguns cogumelos nos darão a breve e fugaz sensação florida de vida e de cores!
Não foi alucinação. Olhei
cogumelos... e vi flores!
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VEM AÍ...
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terça-feira, 11 de maio de 2021
O VENDEDOR DE MELANCIAS
A antiga Avenida Celso Garcia cortava o bairro do Brás até chegar no Tatuapé. Era extensa, cinzenta e com cheiro de fumaça. Carros e ônibus cruzavam barulhentos e vagarosos. Via perigosa para uma pré-adolescente que todos os dias cruzava a passagem para chegar ao colégio. Agora sem a ajuda da mãe. Prova, aparente, de amadurecimento.
Uma coisa destoava daquele cinza tristonho da avenida. O vendedor de melancias que ficava na esquina do Largo da Concórdia. Alegre, falante e nordestino, como a maioria por lá. Às vezes, cantava. Às vezes, assobiava. E cortava com facão afiado e rara habilidade, as fatias de melancias verde-róseas. Pareciam deliciosas, refrescantes e geladinhas. Nunca ousei comer um pedaço sozinha.
Além da falta de dinheiro, parar numa banca de madeira entre dezenas de homens recostados, alguns trabalhadores, muitos desbocados, era impensável! Havia pouca higiene e muita poeira dos carros. E se alguém me visse? Crime demais para uma garotinha. Mas aquelas fatias de melancia geladinhas...
A Celso Garcia foi ficando mais caótica a cada dia. E depois da implantação do corredor de ônibus, tudo ficou espremido. Mais cinzas empoeiravam as poucas árvores que haviam sobrevivido.
Os retirantes que chegavam aos montes na Estação do Brás viravam ambulantes e se instalaram nas calçadas. Vendiam de tudo. Miçangas, relógios, churrasquinhos, cocada... Às vezes, a polícia baixava. A maioria não tinha licença. Nem perdão! Era uma correria danada.
O Largo da Concórdia era pura discórdia. Um território hostil onde ninguém se entendia. E o vendedor de melancias continuava sorrindo e abrindo suas melancias, verde-róseas, deliciosas...
Uma tarde, na volta do colégio, a cena que parecia impossível. Meu irmão mais velho, com seus vinte anos de idade, chegando da faculdade ao lado do alegre ambulante, com um pedaço de melancia na mão! Sai correndo em sua direção como quem implora autorização. Compra um pedaço pra mim? Foi delicioso aquele... sim!
Saboreei junto com ele a grande lasca, roendo até o verde final da casca. Comer melancia na avenida Celso Garcia, entre ônibus, operários e cheiro de fumaça... era uma grande ousadia.
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terça-feira, 4 de maio de 2021
BONECA À PRESTAÇÃO...
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