A estrada era bucólica. Vaquinhas aqui e ali, espalhadas pelo pasto verdinho
das fazendas. E o chacoalho dos vagões dava um ritmo vagaroso e sonolento ao belo e bucólico passeio.
Quarenta minutos naquele trem pareceram uma eternidade. Pra falar a
verdade, um certo tédio foi chegando de fininho, bem mineirinho. Até que o trem parou, finalmente, no seu destino.
Foi breve o passeio pela bela São João Del Rei, com visita à Igreja,
museu, cemitério, estátua de Tancredo... e um caloroso almoço caseiro, com tutu, couve
mineira e feijão tropeiro. Terminando com fé e cachaça, na última e gastronômica atração da praça!
Subimos novamente na Maria Fumaça para retornar à Tiradentes. Dali pra
frente, só trilhos e dormentes, até chegar na estação, que terminava numa porção pequena de terra e um ponto final.
Os turistas desceram alegres e falantes na estação, com seus celulares em punho para registrar o show. Cinco homens fortes. Operários. Músculos rijos e suados. Fariam mais uma vez, o incrível exercício diário. Girar em 180 graus, sob um circulo de trilhos, a pesada locomotiva que puxava os vagões. O giro do trem era o grande espetáculo! Mágico, fantástico e um tanto arcaico.
Terminado o cansativo movimento de inversão, o
trem ficou no sentido oposto mais uma vez. Destino de mais uma viagem rumo à pequena e grande Del Rei.
Minha cabeça viajou naquele vaivém até então desconhecido. Não era o vaivém eterno das ondas. Era o vaivém curtinho do trem. O vaivém da vida! Quando não temos mais saída. Nem trilhos pra seguir em frente. Ah, se a gente pudesse virar com toda força nossa velha locomotiva e fazer a viagem de volta, lentamente, olhando tudo que foi deixado distraidamente pelo caminho...
E chegando lá, no ponto de partida, pudesse comprar um outro bilhete. Embarcar novamente. De carro, táxi, avião, não sei bem... Algo que saísse dos trilhos. E nos levasse para mais além...