Nada encerra mais a angústia e a tristeza humanas do
que o rosto dos solitários no trem da estação. Eles
carregam seus tristes semblantes aonde vão. Nos metrôs. Nos ônibus. Em cada
vagão. É doído perceber...
Sentadas nos cantos, mulheres carregam
bolsas e mágoas. Dos filhos, dos genros, cunhadas. Em pé, um homem
desempregado. São tantos hoje em dia. Angustiados. Ar de melancolia.
Cada
tristonho no seu canto. Desiludidos, com o olhar distante. Ou quem sabe, num mundo perdido. Muitos olham
pro chão. Na estação solidão!
Acho tristes e ao mesmo tempo tão belos,
esses rostos sofridos das pessoas no metrô. Retrato de suas vidas, aventuras e amarguras contadas em rugas.
Quando entrei no vagão às seis da tarde, o
velhinho curvado já estava sentado olhando fixamente para o nada. O que ele
pensava? O que dizia? Ainda sonhava? Conversava
consigo mesmo, tentando se convencer. Reclamava de quem?
Talvez faltasse um
ouvido ao lado. Um amigo. Um abrigo. Um som. Ou, uma boa dose de conhaque do bom!
O trem partiu para a próxima estação. Um fingiu. Outro dormiu. A cabeça caiu. Entortou. E o velhinho prosseguiu
resmungando sei lá de quê. Torci pra que alguma criança entrasse gritando.
Chorando. Esperrneando. Ou cantando alguma coisa idiota qualquer. Não. O
silêncio era o anfitrião. Cada um que entrava, se calava...
E o velhinho continuou sozinho no seu cantinho até a última
estação. Depois, saiu carregando seu pacote pesado de dissabores, nas costas e
no coração.
Triste espelho humano, no vagão!
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