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quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

SÓ UMA FUGIDINHA...

Coisa rápida. Uma fugidinha do corpo apenas. Uma breve flutuada por aí. Preso pelo fiozinho, para saber voltar. Sem tranco. Bem de mansinho... Afinal, são tantas coisas boas ainda pra se fazer com este corpo falível, mas muito sensível. Desfrutando todo prazer possível. Beber, comer, cheirar uma flor. Olhar o horizonte. Tocar o chão. Fazer amor... 

Além disso, ainda é um corpo bacana. Semi usado. Muitas vezes, cansado. Necessitando remédios e alguns reparos. Exames de rotina. Fruto do excesso de gordura e adrenalina. Mas conservado. E olha que já curtimos um bocado... O que encanta no entanto, é a ideia da libertação. Leveza! Sem usar os pés, nem as mãos. Voo da alma. No vão de outra dimensão.  

Eu iria com certeza para perto do mar. Olhar lá do alto o oceano. As ondas gigantes e seus vagalhões... Ou passaria rente, somente, seguindo os cardumes e as correntes. Indo e voltando. Com os golfinhos acompanhando... Iria também até as matas fechadas, cachoeiras e florestas, passando pelas frestas. Pousando leve como um nada, nos galhos finos onde descansa a passarada. 

E voaria por fim nos confins das cordilheiras. Sentindo a vertigem passageira. Rasante livre. Mas sem o frio da neve. Tudo muito breve. Num só instante. Ou, seria ir muito distante? Melhor ficar mais perto, vai que desperto... 

E se tivesse mais um tempinho, uns cinco minutinhos... Ia cortando as nuvens do céu, me esgueirando até o fim do arco-íris, até vislumbrar, eternizadas, as pessoas que amei e que lá vivem, felizes... 
Depois voltaria com o fiozinho! Voando rapidinho. Quase um passarinho... 



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quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

NUM INTINDI...


Tinha palavra que não dava pra entender... Sílaba perdida. Letra comida. Verbo direto, envergando. Concordância “disconcordando”... Mas, soava tão singelo e gostoso que desacelerava o coração. Era um pouco enfadonho. Mas, terapêutico e relaxante. Aliviando a pressão do cotidiano estressante.

Visitar aquela gente do campo, na cidadezinha “titiquinha” do interior, foi adentrar num universo particular. A calmaria, abençoada, vinha nos acompanhar. Principalmente, no jeito de falar...   

Deu três dias naquele ambiente e a gente já arrastava a língua, no ritmo do gado ruminando o mato, pra lá e pra cá. Não havia muita coisa a fazer no lugar. As caminhadas lentas, com cajado, relaxavam o andar... Depois de uma semana de grama e leite quente, deu vontade na gente de pegar o carro e se aventurar. Na estrada do nada. Só poeira avermelhada. Mato dos dois lados. E uma indicação peculiar: depois dos “mata burro”, sempre “as dereita” tem de virar. Vai dar em Guararema! 

- Ceis vai passar no Lumbique do Déci? Traz pra mim, uma de Cambuci? Quase que entendi... Alambique virou Lumbique. O Décio, pensei que fosse o décimo! E Cambuci era fruta, e não bairro de São Paulo. Mas havia mesmo a birosquinha do Décio. A primeira da estradinha e tinha aguardente docinha pra gente entorpecer. 

Chegamos alegres na cidade e o povo foi avisando...
- Vai na festa do Pinhão? – festa de que? Pinhão? Que coisa boa, criatura. Deve ter fartura. Bolo de pinhão. Sorvete de pinhão. Suco de pinhão. Pipoca com pinhão...        
- Vamos sim, onde é? Dez quilômetros daqui, na estrada de asfalto. Saímos animados pra grande festa do Pinhão, com as diferentes iguarias na imaginação. 

Ainda na estrada, se viam as luzes e gente chegando aos bocados. Cavalos e pickups. Juntos e estacionados. Gente rica, gente pobre. Dono de fazenda e luz dos holofotes. Na frente de toda a festança, a prova da nossa lambança... 

Nada de pinhão. Só uma faixa enorme:  Bem-vindo à Festa do Peão! Peão boiadeiro! O que faz uma pronúncia...


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quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

NO BOLSO DO BLUSÃO...



Anos sessenta. Que inveja! Calça Lee, Rita Lee, calça rabiscada. Tênis sujo. Beijo atrás do muro. Cuba Libre. Sputinik. Drops de anis... E tinha Tim Maia, Roberto e Elis. Dava pra ser feliz! 

Mas eu não podia entrar no cinema. Café com leite, nas brincadeiras. Quanta raiva criança pequena sente. Querendo ser, depressa, adolescente. Eu não entrava nos bailinhos. Ouvia Beatles, no radinho. Enquanto corria a barca com os novos baianos. As duas alegrias, de Caetano. Jackson no pandeiro. Benito de Paula no piano. 

Anos sessenta ao som das guitarras gritando. Dylan. Joplin. Jimi Hendrix tocando com os dentes! E aquela cena dos Beatles ao som de "love love, love", que ainda me comove... 

Eu não queria vestidos de renda. Nem meias de seda. Queria o cinto calhambeque. O anel do Roberto. O chapéu do Erasmão... Queria algo grande. Tecido de sonhos e emoção. O velho blusão! Jeans usado. Que o irmão mais velho me deu. Desbotado. Surrado. Muito maior do que eu.

E eu saia carregando pelas ruas... Em cada bolso, um sonho de amor e uma loucura. No da esquerda, os melhores nomes do rock and roll. The Doors, Pink Floyd, Rolling Stones. No outro, Brigitte Bardot e Alain Delon. Nas mangas, Mutantes, Jovem Guarda, Simonal E na lapela, a Tropicália. De João, Caetano e Gil. 

Eu levava, leve, sobre os meus ombros, o sonho de um mundo novo. E um Brasil mais amável e bem mais gentil... 




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quarta-feira, 20 de novembro de 2019

O CANTO MÁGICO

O terreno era imenso. Tomava quase um quarteirão inteiro. Irregular e baldio. Com algum mato espalhado e armações de cimento escurecidas pelo tempo. Escombros de uma construção antiga e misteriosamente interrompida.
Os vizinhos mais antigos diziam ter sido um cemitério indígena e por isso, nada ali vingava. Ninguém conseguia construir. E os que tentavam, desistiam. Talvez com medo de um cacique fantasma ou uma tribo zumbi, antropofágica. Não acredito! Mas não duvido...
Penso que os lugares, as esquinas, as casas, guardam energias. Medos, desejos e sentimentos que não conseguiram se soltar. Sinto logo de pronto, quando entro pela primeira vez em um ambiente ou lugar. Ora leve. Ora pesado. Às vezes... encantado.
Devem ser as paredes. Elas talvez conservem a energia dos que lá viveram. Parece que tudo fica impregnado. No vão das portas. No teto. No chão. No ar. Um campo energético sutil e impalpável. Porém, sensível à alma. E que arrepio que dá!  Talvez por isso alguns comércios nunca dão certo em estranhos locais. Ah, naquela esquina tem caveira de burro! Energia densa. Só pode ser. Não entre sem se benzer!
Ao contrário dos terrenos negativos, existem cantos que nos enchem de paz e harmonia. Onde a felicidade se respira, inspira e contagia. Um santo abrigo de luz e poesia.
Eu tenho um desses na minha casa. O cantinho especial. Um vasinho com flor e uma cadeira de balanço. É lá que esqueço do tempo. Dos compromissos, da pressa e do almoço... Nesse canto tudo cresce. As flores duram meses. Os sonhos reaparecem. E quem senta, rejuvenesce. Pelo menos parece...
Ontem tirei umas horinhas na cadeira de palha, com roupa folgada e sandália, só para descansar do mundo. Imaginei lugares incríveis e bonitos. A África, o Nilo, as pirâmides do Egito... 
Tenho pra mim, que se os pesquisadores me visitassem e cavassem fundo o meu chão, encontrariam uma imensa pirâmide... E no centro, Tutankamon!

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quarta-feira, 13 de novembro de 2019

PRESENTE DO DIA!

Às vezes, era o pedreiro. Outras, a faxineira do prédio. Até para os limpadores de vidro que se dependuravam nos andaimes do alto edifício e desciam com cordas, andar por andar, num perigoso manejar. Ela abria a janela e oferecia o carinho... vai um café quentinho? 

Ninguém resistia. Sabor de magia! Café feito na hora. Soltando fumaça. Numa xícara branca de porcelana. Ou num copo comum de bar. Importava era ofertar. Este ritual da Dona Olga passou de mãe para filha. Sempre que posso, ofereço um bom café. Gesto amigo, hereditariamente reproduzido. Uma pausa no trabalho cansativo. Funciona feito ombro amigo. 

O senhor Hiro, dono de um Sushi Bar conhecido no litoral também é assim. Gentil e cordial como bom oriental. Tem sempre um presente para os clientes. Seu rancho é coberto de flores. Orquídeas, lírios, primaveras exuberantes. Tem um lago para pesca de lazer. E carpas brancas e pintadas num aquário, no meio do restaurante, desfilando em vai e vem...   

Engenheiro formado, Hiro está há mais de quarenta anos no Brasil. Ainda fala “engoraçado”. E agora, aposentado, cuida das plantas e dos amigos... Na primeira vez que fomos ao seu restaurante, ele nos deu um presente. Foi no final do jantar. Sem nada dizer. Veio com um pacotinho de bananas da terra para nos oferecer. Obrigada, seo Hiro, pelo carinho... 

Na segunda vez, nos deu milho. Depois, maxixe pra colocar no feijão. E assim foi indo, entre conversas gostosas sobre a mesa, sobre a vida, sobremesas... e outras delicadezas. 

No último jantar fomos mais ousados. Não vai nos dar um café passado? Seu Hiro sorriu. Entrou no restaurante e trouxe duas xícaras fumegantes. Mas, de chá de kinkan. Com mel. E sem gengibre!
Seo Hiro é assim. O presente do dia. Ele é quem decide! 




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quarta-feira, 6 de novembro de 2019

O MENINO E O CASTELO...


Ele ficou horas ali, construindo. Pinguinho por pinguinho. Areia mole e cinzenta escorrendo dos seus dedos miúdos e arquitetos. Fez montinhos, caminhos, janelas e tetos. Colocou um palitinho dentro de uma espécie de cela. Seria uma princesa? Uma espada de realeza? Num Castelo inventado, podia ter o que ele bem quisesse. Reis. Rainhas. Leões. Serpentes. Tampinhas e palitos de dente... Ou nada, simplesmente. Apenas uma muralha quadrada, erguida com pingos de areia molhada.

Fiquei olhando o menino meio distante, sem ser notada. Imaginando de onde veio cada detalhe. Os contornos. Os entalhes. Das histórias contadas em noites de Natal? Dos livros de fantasia? Memória ancestral? Suas mãos pequeninas moldavam a areia numa cena natural. O menino e seu Castelo de areia. Não ficou muito bonito. Um tanto frágil. Mas, real.  

Meu olhar distraído nas ondas do oceano indo e vindo, só viu uma forte onda feroz invadindo. Sem tempo para nada. Água volumosa. Desvairada. Levando o Castelo e a cidade inteira que foi desfalecendo lentamente na areia... 

Será que matou a princesa? Os Leões? O Rei? Olhei para trás. O menino não estava mais. Vi sua figura morena já seguindo ao longe e distraído. Não viu a cena.  Nem o seu castelo sumindo...  

Não havia mais nada agora. Só areia lisa e uma rasa cratera. A praia ficou vazia, sem o Castelo e sua história. Em mim, a lembrança da cena. As muralhas. As janelas. A rainha. O rei. E o sonho que, através do menino, eu sonhei...      



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quarta-feira, 30 de outubro de 2019

FINADOS, MAS NÃO!



Olho com ternura e delicadeza as fotos da família espalhadas por sobre o velho piano. Consigo ver o nariz aquilino da avó, na bisneta já crescida. As duas tão lindas! E os olhos verdes da tia avó? O mesmo da prima distante. Preciso visitar urgente aquela gente. Saber se tudo está bem. Quantos filhos eles tem... 

Vejo agora, a testa alta e a calva acentuada do avô, no meu pai. Do meu pai, no meu irmão. Eles não gostam dos sinais. Ficam todos iguais. Avô, neto, filho e pai. Carimbo da geração. Carecas, com muito bom humor...

Paro um pouco mais na foto do meu irmão mais velho. Já foi tão pequeno um dia. Está ali, criança miúda. Roupa de batismo! E que sorriso... 

Ah, as fotos antigas, desfiam um enorme novelo. Tristes e alegres enredos. Importantes e agora, inúteis segredos. Histórias de descendentes imigrantes. Uns sobreviventes. Outros vivos e ausentes. Muitos, já partiram. Mas continuam nas fotos, sorridentes e altivos... 

Estranho. A enorme e silenciosa paz que me invade quando olho com saudade as fotos de família sobre o velho piano, agora desafinado. Castigado pelo tempo, pelos dedos cruéis dos bisnetos levados... Sinto nas fotos uma espécie de perdão coletivo. Dos erros cometidos. Dos gestos sem sentido. Das mágoas sufocadas. Que ainda embaçam e deixam mais triste a imagem de alguns personagens. Bobagem! Estão mortos. Eu é que viajo nos parentes idos e suas marcas de passagem. Parecem ainda presentes. Dentro e fora de mim. Numa espécie de tatuagem...  

Minha mãe e seu vestido de noiva com enchimento e tecido de cetim. Meu pai com o filho nos ombros, no jardim. Meu querido irmão que já se foi... Paro nele alguns minutos. A morte não dói. Nas fotos, ninguém mais sente.
A  saudade é que dói... ela é presente.  


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segunda-feira, 28 de outubro de 2019

RESENHA INESPLICANDO... "Love is Understanding" de Sergio Farias



Eles embarcaram no Last Train to Clarskville...

No auge dos anos sessenta, uma banda pré-fabricada com quatro rapazes cabeludos. Um vocalista bonitinho e três músicos esquisitos. E vindos na esteira dos Beatles? Tinha tudo pra dar errado. Mas não! Foi muito além. 

De início, veio a divertida série dos Monkees na TV. A seguir, entrevistas de estrondosa audiência. E finalmente, hits que viraram sucesso mundial. Começava a febre da Monkeemania que pegou os jovens nos EUA e de todo mundo. Pra se ter uma ideia, a banda chegou a vender mais que os Beatles e Rolling Stones juntos. Porém, foi ironizada e rotulada pelos críticos em plena época da contra cultura por ter sido uma banda criada pela indústria fonográfica. Acabou sucumbindo às pressões, às consequências da sua ascensão meteórica e às divergências e egos dos seus integrantes.

Quem conta essa incrível história e tenta fazer justiça ao talento e ao pioneirismo dos Monkees, é o professor, escritor e autor de peças teatrais, Sergio Farias no livro “Love is Understanding, A vida e a época de Peter Tork e os Monkees”.

Baseado numa pesquisa fantástica, Farias mostra fotos raras e entrevistas com pessoas que conviveram com a banda, o contexto em que os Monkees apareceram, ajudando a entender o porque depois de um salto tão alto, a banda caiu no ostracismo. 

O livro é rico em detalhes. Uma boa viagem pelos anos sessenta, dentro do universo musical do rock psicodélico e suas ideias lisérgicas de liberdade.
A linha condutora é a vida de Peter Tork, o loiro de cabelos lisos e escorridos. Um dos mais talentosos e criativos. Multiinstrumentista, com formação clássica e o mais intelectual da Banda. 

O livro relata o início, quando os músicos se conheceram...
“Um anúncio muito estranho e cheio de gírias no jornal, em setembro de 65... “Seleção de músicos e cantores de folk ou rock para atuarem no papel de 4 malucos, entre 17 e 21 anos numa nova série de TV...”

Peter Tork, Micky Dolenz, Mike Nesmith e Davy Jones foram contratados para estrear a série The Monkees, em 1966.

Todas as etapas da Monkeemania, os bastidores conturbados. A carreira de altos e baixos de Peter, com seus princípios de vida e liberdade, além da sua perigosa sinceridade e bom humor, estão no livro que retrata o  quarteto criativo e pioneiro no uso do sintetizador Moog. E que lutou pelo direito de tocar em seu próprio disco.

O livro de Sergio Farias revela as derrotas e celebra o resgate da banda e do músico Peter Tork, admirados por artistas como Frank Zappa, Jimy Hendrix e os Beatles, acabando por fazer justiça ao legado dos Monkees no cenário da música pop!

“Era um fenômeno, máquina de fazer dinheiro. O grupo fictício se tornava uma verdadeira banda de rock n roll!”

Eu era pré-adolescente e fã incondicional dos Beatles. De primeira, rejeitei a banda. A seguir, diante da alegria contagiante e um rock’nroll divertido na série da tv, me apaixonei. Não perdia os episódios e tocava as músicas  no violão graças a uma revistinha chamada “Vigu”. Achava Peter Tork o  mais charmoso que o Davy. Mike o mais engraçado.

Obrigada, Sergio Farias, por me mostrar bem mais que o óbvio. Esmiuçando o contexto musical e social onde o fenômeno da Monkeemania se deu.

“Love is Understanding, A vida e a época de Peter Tork e os Monkees” é uma ótima dica de leitura para os amantes da música e dos anos sessenta.  O lançamento do livro foi feito no Brasil e em Portugal, simultaneamente pela Chiado Editora. 

O livro tem 393 páginas, mas passam voando como o last train to Clarksville... e o sucesso dos Monkees!

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LOVE IS UNDERSTANDING...A vida e a época de Peter Tork e os Monkees”. 
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Para os mais saudosos e ... os curiosos... segue o link da abertura do seriado no YouTube

https://youtu.be/pG4pLkMkcFw












terça-feira, 8 de outubro de 2019

DESCANSA, CORAÇÃO!


Os tempos andam pesados. Sombrios. Muitos com medo. Outros, vazios. São poucos os que adormecem leves. De forma breve, no travesseiro. Talvez os pequenos... No colo materno, mais acolhedor e sereno. 

Nós, os mais maduros, temos dormido pela metade. Dormimos cinquenta por cento! Com os pés no travesseiro e a cabeça entre as mãos. Um pensamento solto e um por soltar-se. Um olho aberto. Outro fingindo. Cérebro inquieto. Só pernas e braços adormecidos. O resto em movimento. Pensando nas contas. No trabalho. Nos contratos. No vírus. Na guerra. Nos contrários. Ou, em simples contratempos que nos atrapalham. Avalanche de ideias. Todas ao mesmo tempo... tempo... tempo. Escapando entre os dedos. Insônia. Desalento. 

Feliz de quem viveu há algumas décadas atrás. Correndo em parques. Namorando no carro. Brincando nos quintais. Hoje não dá mais! Vivemos no mundo acelerado. Pilhado. Bilhões de informações. Milhares de dados a serem assimilados. Boas e falsas notícias. Vídeos. Startups. Mercado on line. Jogos baratos.
Ou damos um basta. Ou ficamos alucinados. Grande desafio das gerações atuais... 
A solução levará anos, talvez séculos. Não apenas uma madrugada em claro. 
E esta noite? Será que dormirei bem? Ou pela metade, outra vez? Cinquenta por cento! Diz meu assombrado coração. Que é metade cansaço... metade hipertensão!
Enquanto minha esperança, menina, descansa... e põe a mão no coração.                                                                                                         *           *           *




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terça-feira, 1 de outubro de 2019

CRIANÇAS NÃO MENTEM...


Crianças não costumam mentir... Quando queremos uma resposta de verdade. Com sinceridade. Devemos perguntar à uma criança. Elas não costumam mentir. Acho que não conseguem... 

Falam com o coração. Dizem sim. Ou, dizem não. Respostas simples. Feio. Bonito. Gostei. Não gostei. - Detesto palmito! É engraçado ovo frito. Tenho pena de peixe, frito... E quando cismam com um personagem ou com alguém? Um parente, um palhaço, um cosplay...  Não há jeito de contornar. Não quero. Não vou. Não gosto dele. Tem cara de mau! Sem constrangimento. Sem pudor. Dá até um certo temor. Às vezes, pega mal. Mas criança é assim. Normal... 

A gente é que, com a idade e por necessidade, vai criando certos personagens... Amigáveis. Mais políticos e simpáticos. Nem tão sinceros e reais. Acredito, também, pela vontade sadia de não querer magoar ninguém. Preocupação que as crianças mais novas não têm...  

Na festa da Mariana foi assim. Ela fugia loucamente da princesa. Loira e linda. Uma espécie de Cinderela que queria a força lhe beijar e abraçar. Não teve Cristo que a fizesse tirar fotos. Ou, ao menos, conversar com bela personagem. 

E no final da festa, lá estava a Mariana, sorrindo, no colo da bruxa. Mexendo no seu chapéu e na verruga do nariz! – Mariana, porque você não falou com a Cinderela? – Não gostei dela. Achei feia aquela peruca amarela. E ela queria me segurar...  

Mas da bruxa feia e malvada, cheia de verruga na cara, você gostou? – Ela era muito mais legal que a Cinderela.  A verruga era de mentira. E atrás daquela roupa, ela era boa. Eu sei! Olhei dentro dos olhos dela... 

Será que um dia olharemos assim?


                                                                     

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quarta-feira, 25 de setembro de 2019

COMEÇANDO PELO NARIZ...



Nesta quinta, faço check-up. Pela primeira vez! 
Uma dorzinha aqui, outra acolá provocaram isso... Tenho também um desconforto lombar no lado esquerdo. Vista cansada. Digestão um pouco lenta de noite. E um clique no polegar que aparece e desaparece. 

A única coisa que tenho certeza que está bem é o meu nariz. Em perfeito estado! Não entope. Não pinga. Cheira que é uma beleza... Nariz nota dez! Acho que vou começar contando isso. Senão, o médico vai pensar que sou um poço de doenças. Receitar milhares de remédios. Tratar-me como doente. Pré-senil! Justo eu, que nunca gostei de tomar remédios... 

Na infância, era à base de chazinho, óleo de fígado de bacalhau, biotônico, gemada, calcigenol. De vez em quando, um antibiótico mais forte quando a coisa complicava. Depois de adulta, preventivo e mamografia. Coisas que eu já tiro de letra. Mas quinta agora, é diferente. É check-up. Vistoria geral! Vasculhar tintim por tintim. Ai de mim! 

Mas enfim, é tudo físico. Ninguém vai encontrar, lá dentro, a traição que atacou o fígado. A maldade que fez doer o estômago. A raiva que prendeu o intestino. Seria bem mais cruel saber... Por ora, vou checar só as consequências. O que já estragou. E que precisa consertar. As causas, certamente levarei anos, talvez vidas, para aprender como tratar. 

Ah, não posso esquecer de falar das aftas. Da cãibra nos dedos dos pés. E das crises de ansiedade com aquelas urticárias vermelhas e robustas que começam a coçar pelo corpo todo. Não! Não posso começar assim. O que o Doutor vai pensar de mim? 

Vou lá, sem receio. Olhando, sempre, o copo meio cheio. Falar que melhorou o meu joelho. E vou começar com o que está bom. Nesta quinta. Vou respirar bem fundo, afinal, o meu nariz...  
O meu nariz vai muito bem, obrigada!


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quarta-feira, 18 de setembro de 2019

UMA NOITE... E NADA MAIS!


A vida é sopro. Fagulha. Trem que passa ligeiro. Num exato movimento. Quem não embarca, perde o momento. Segue outra viagem. Mas qual efeito borboleta, novas e diferentes facetas vão aparecendo. Outras pessoas. Novos encontros. Outros acasos. Algumas vezes, achamos a sorte. Em outras, fracassos. 

Quem pode saber? Se cruzamos de repente com alguém que irá mudar a nossa vida para sempre? Um amor. Um parente. Um bandido. Um futuro marido? O que teria acontecido se aquele dia você não tivesse adormecido? A chave esquecido? Ou, simplesmente se arrependido? Tão humana essa nossa pretensão. Doce ilusão. De controlarmos alguma coisa em nossa trajetória. Prever nossos dias. Nossas horas. Se a qualquer momento vamos embora. E nos tornamos só memória para quem um dia nos amou e conheceu. 

Naquela noite ela nasceu... Branca. Brilhante. Cheirosa. Perfumando o ar do jardim. O forte aroma me fez sair de casa para sentir. Era a dama da noite! Olhei feliz. Num rápido apreciar. Amanhã vou fotografar. Mas a dama da noite é breve. Única. Singular.

No dia seguinte não estava mais lá! Restava fria no chão. Murcha. Sem vida. Com um mórbido aroma de recordação. Olhei sem pegar. Outras damas viçosas estarão hoje à noite no seu lugar. Mas aquela se foi. Perdi. Como algumas chances na vida, que foram despercebidas num instante fugaz. 

A linda dama saiu de cena depois do primeiro desabrochar. Exibiu seu perfume e beleza. Depois fechou-se para o mundo e caiu. Outra dama entrará no palco esta noite para se apresentar... Mas aquela dama. A mais branca. Única. Que brilhava pra mim na noite escura. Nunca mais.
Não deixe passar!


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segunda-feira, 16 de setembro de 2019

SILÊNCIO A DOIS...


Não sei se passaram dez ou quinze minutos. Ou sete horas... Que horas são, agora? Não dei conta. Fiquei ali, maravilhada, em silêncio. Olhando a paisagem. Perdida em longos pensamentos. Ora pensando em nada. Ora viajando por lugares distantes. Indo e vindo na paisagem quieta e relaxante. Instante de paz e serenidade. Coisa que vem com a idade.

Ele, ao meu lado também em silêncio, olhava a imensidão. Talvez, observando as diferentes formas na silhueta de cada montanha. As nuvens. A bruma. A grama. O horizonte reticente... O silêncio cabia ali tão perfeitamente que lembrei de um poeta anônimo que dizia com alma e profundidade... O silêncio não pesa onde existe intimidade. 

Não ter que falar. Nem comentar. Nem explicar. Apenas estar. Os dois quietos. Calados. Lado a lado. E o silêncio a nos completar. Leves momentos em que a vida pede pausa. Depois do stress. Da dor. Da raiva, da náusea.

Depois da festa desgastante. Em que temos que falar. Sorrir. Comer. Cumprir. Postar. E obrigatoriamente ser feliz... Como é bom silenciar. Aquietar por um momento. Refazendo a alma por dentro. Sozinha, só no pensamento. Sem dever a cumprir. Sem meta a alcançar. Apenas observar. Ser. Estar. Respirar.

Ficamos ali, cada um no seu silêncio. Juntos, eu e ele. Sem nada a dizer. Foram duas ou três horas... Teriam sido semanas? Só alguns minutos de êxtase e brevidade, no melhor silêncio.    
O silêncio divino... da cumplicidade!     



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quarta-feira, 4 de setembro de 2019

OS CAMPOS DE TRIGO...


À noite. No silêncio. Entre o sono e o sonho. Eles me convidam para entrar... São os campos de trigo! Lindos. Espécie de abrigo. Infinito... Imagem que vai surgindo em minha mente. Recorrente. Será o paraiso?

Entro feito o vento, em suave movimento. As plumas balançam ao roçar dos meus dedos. Sigo caminhando leve, na direção do sol. Às vezes, flutuando. Tocando com as mãos a plantação. Pés descalços. Rosto ao vento. Aquietando a alma, o coração, o pensamento.

Dizem que os campos de trigo tem grande simbologia. Espécie de santidade. Um portal. Uma passagem... Mistério e magia. Não procuro explicação. Aproveito o tempo que durar. Uma noite apenas. Ou, até o dia raiar.

Sei que logo mais será hora de acordar. Sair da cama e do sonho. Respirar um mundo duro. De cimentos e muro. À cada instante, mais veloz e menos seguro. Parecemos loucos. Tolos? Inimigos na Selva. Krig-há Bandolo! Donos de regras. Armados. Patéticos soldados, tristes e desalmados. Perdidos. Em lados separados...

O grão do trigo morre para depois germinar. Está em nossas mãos, um outro pão? A mais justa divisão? O novo plantar pede pressa. Todos em força tarefa. Namastê, amém, oxalá! E que algum anjo torto ou Deus mesmo, venha nos ajudar! Esta terra aqui já foi um bom lugar pra se habitar.

Enquanto isso, à noite eu sonho. E viajo nos campos de trigo. Meu refúgio. Minha pausa. Meu abrigo. Só um pouco de paz... é o que preciso! 




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quarta-feira, 28 de agosto de 2019

A MAIOR PALAVRA...


Anticonstitucionalissimamente! Eu era criança e me orgulhava de pronunciar com destreza a maior palavra da época. Hoje, ela já deve ter perdido o status. Não tive tempo de olhar no Google Dicionário. Outras mais extensas devem ter chegado e ocupado o lugar... 

As palavras têm vida própria. Peso. Energia. Tamanhos diferenciados. Às vezes, mudam, com o tempo, seus significados. Mas continuam mágicas. E ao notar que eu conversava com minha mãe usando expressões corretas e boas palavras, a senhora sentada ao lado no ônibus comentou: - ela é tão pequena e fala tão bem! Olhei para frente e disparei pa-ra-le-le-pí-pe-do! Sílaba por sílaba. Deixando minha mãe encabulada! Eu já era vaidosa naquela época... 

Gosto também dos neologismos. Palavras inventadas, do nada. Que ficam perfeitas na composição... Drummond, no famoso poema, disse com ironia, não estar à altura do atual gráu de evolução. Da falta de amor... E sensualizou moderneticamente: “Faço meu amor em vidrotil? Nossos coitos serão em modernfold?" Essas palavras não pegaram, mas a crítica, pegou! 

O que falar de Veríssimo, o filho, criando frases compreensíveis com palavras totalmente descabíveis? “A senhora entrou com uma bandalheira preta no funeral..." Ela certamente usava um cachecol, ou tecido escuro jogado nas costas. Mas que ficou bom, ficou!

As palavras grandes ou gigantes como eu gostava quando criança, ainda são muito usadas por bruxas ou feiticeiras. Em séries e filmes de magia. São muitas em Harry Potter, Senhor dos Anéis... E os mais antigos vão lembrar da frase mágica da simpática babá Mary Poppins que, com ela, abria seu guarda-chuva e voava... Supercalifragilisticexpialidoce! 

Lembro do episódio que o garotinho repetia a palavra inúmeras vezes, mas não conseguia voar. Mary Poppins insistia...Vamos lá! Fale! E não esqueça, coloque o essencial: amor!  Palavra curtinha. Quatro letrinhas bobas. E a mais poderosa de todas...



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quarta-feira, 21 de agosto de 2019

É TORTO ASSIM?


Deve ter sido o anjo torto! Aquele que saiu entortando a vida de Drummond em Itabira. Deve ter passado aqui pelas bandas de Santos, lá pelos anos sessenta. E entortado os prédios da orla, em particular no bairro do Embaré.
Pelo menos uns sete ou oito edifícios são visivelmente inclinados. Alguns para a direita. Outros para a esquerda, Alguns parecem que em breve irão se tocar. O mais curioso é que vejo estes prédios tortos há mais de trinta anos e não percebo mais essa tamanha estranha inclinação.
O dia a dia torna mais débil a nossa percepção. Ou é o nosso olhar que anda meio torto e perdido nas telas do celular. Somente na semana passada, quando um amigo avisou que desceria a serra com um grupo de engenheiros e arquitetos trazendo alunos para visitar os prédios tortos de Santos, fazer medições e análises do terreno sedimentar é que a ficha caiu.
Comecei a enxergar os prédios tortos novamente, destacando-os dos demais. E são bem tortos! A proximidade nos faz perder o grau. Por isso não reparamos que a filha engordou demais, até que o médico a considere “uma adolescente obesa”. Achamos o marido levemente calvo, até que o amigo distante pergunte como vai o querido “careca” elegante?  
A intimidade nos cega? Ou com o passar do tempo, vemos menos com os olhos e mais com o coração? Afinal, não acho que são feios ou desajeitados os prédios tortos de Santos. Fazem parte do belo, harmônico e desalinhado cenário. Coisa de anjo torto, em livre imaginário.
Aposto que o senhor italiano, curvado pelos anos, que é guia há mais de trinta anos na Torre de Pisa, não acha que ela seja torta. Diria que é mística. Com uma bela e leve “inclinazione" turística! 



 Foto: G1
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sábado, 17 de agosto de 2019

AINDA VEMOS... GALOS E QUINTAIS!


Há tempos eu não via e ouvia um galo cantar. Tão perto e no meio de carros, ciclistas e pedestres. Era a alegria ciscando solta nas ruas! Como dizia o grande poeta norte-americano e caminhante convicto Walt Whitman, é nas ruas que se encontra a poesia. O inusitado também!  

Saí a pé para comprar orquídeas e vasos... A loja de plantas havia reformado. Agora, tinha uma entrada mais ampla e pelos lados. Original. Mas para entrar, teria de passar por um quintal rústico e simplório. Onde se consertam bicicletas e acessórios. Tudo muito bagunçado. Tralhas, pneus, engenhocas e penduricalhos.

Cruzei a terra amarela com ares de rural atmosfera quando ouvi um galo cantar. Canto forte! De bicho contente. No meio de tanta gente. Olhei pro outro lado e a mãe galinha orgulhosa passeava com seus sete ou oito pintinhos, livres e ciscantes na sua cola. Pequeninos. Ligeirinhos. Saídos há pouco do ovo. E o Galo cantou de novo! Perto da esquina da estação de trem. Entre rodas e bicicletas. No meio da muvuca e do vaivém... 

E veio a surpresa maior. Um grande aparelho de som tocava alto e em bom som, a canção do Belchior! Galos, noites e quintais! Voltei sorrindo e cantando no alegre e diferente  entardecer. Feliz como o poeta americano que só andava a pé e via nas ruas a poesia acontecer. 

Ou, como Belchior. Alegre como um rio. Um bando de pardais. Pois ainda havia galos, noites e quintais...


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https://escamandro.com/2012/02/02/alguns-poemas-breves-de-walt-whitman/

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quarta-feira, 14 de agosto de 2019

DENTRO DA NUVEM...


De repente me vi dentro da nuvem branca. Feito criança. Ou um anjo descuidado que caiu em endereço errado. Nuvem densa. Espalhada por toda a praia. Nada comum. E de uma beleza rara.

Com os pés descalços caminhei  contemplando a estranha paisagem. A névoa, sua densidade. A cega e inesperada viagem. Nada se via. Nem a fileira de prédios a rodear. Nem os navios em alto mar à espera para desembarcar. Só neblina na atmosfera. Nos olhos, nas narinas, na cara. Uma espécie de “fog” caiçara. Não dava medo. Era desafiador.

Tudo que se via era uns dez ou doze metros à frente. Quando de repente aparecia gente. Uma mulher sozinha sorria, passava e sumia. Depois, uma menina. Uma mãe com criança. Um pescador. Um adolescente. Tipos diferentes. Seguiam e sumiam também. Atrás e na frente. Curiosos com a surpresa daquela manhã diferente que veio para nos questionar. O que vem agora? Será que demora? Quanto tempo vai durar?  

A fumaça roliça e densa foi se dissipando. Aos poucos, desaparecendo. As coisas belas e intactas foram lentamente reaparecendo. Tudo no seu devido lugar. Já se via a Ilha Porchat! Os prédios, cada vez mais altos a nos circundar. Os navios ancorados no mar.

A vida, parece às vezes uma nuvem branca. Estamos dentro dela. Não sabemos o quem vem. Quem chega. Quem vai. Quem termina com quem. Alguns passam ligeiros. Outros, chegam e nos metem medo. Uns caminham com a gente compartilhando o momento. Os amigos do peito, os camaradas e os da breve caminhada. 

Muitas vezes, cegamos. Não vemos mais nada. Até que o sol volte a aquecer e dissipe a névoa esfumaçada e nos mostre novamente a estrada...  
Achei que encontraria anjos naquela nuvem. Parentes. Amigos incríveis que já se foram. Mas estes devem estar em outras esferas. Mais altas e distantes aqui da Terra.
Até uma andorinha confusa apareceu na areia, atendeu meu pedido e depois para o céu voltou. 
Por favor, manda um beijo pra mamãe, pro meu pai... E não esquece do vovô! 


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Foto da amiga de caminhada... Célia Loriggio







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