Olho com ternura e delicadeza as fotos da família espalhadas por sobre o velho piano. Consigo ver o nariz aquilino da avó, na bisneta já crescida. As duas tão lindas! E os olhos verdes da tia avó? O mesmo da prima distante. Preciso visitar urgente aquela gente. Saber se tudo está bem. Quantos filhos eles tem...
Vejo agora, a testa alta e a calva acentuada do avô,
no meu pai. Do meu pai, no meu irmão. Eles não gostam dos sinais. Ficam todos
iguais. Avô, neto, filho e pai. Carimbo da geração. Carecas, com muito bom humor...
Paro um pouco mais na foto do meu irmão mais velho. Já foi tão pequeno um dia. Está ali, criança miúda. Roupa de batismo! E que sorriso...
Paro um pouco mais na foto do meu irmão mais velho. Já foi tão pequeno um dia. Está ali, criança miúda. Roupa de batismo! E que sorriso...
Ah, as fotos antigas, desfiam um enorme novelo. Tristes e alegres
enredos. Importantes e agora, inúteis segredos. Histórias de
descendentes imigrantes. Uns sobreviventes. Outros vivos e ausentes. Muitos, já partiram.
Mas continuam nas fotos, sorridentes e altivos...
Estranho. A enorme e silenciosa
paz que me invade quando olho com saudade as fotos de família sobre o velho piano, agora desafinado. Castigado pelo tempo, pelos dedos cruéis dos bisnetos levados... Sinto
nas fotos uma espécie de perdão coletivo. Dos erros cometidos. Dos gestos
sem sentido. Das mágoas sufocadas. Que ainda embaçam e deixam mais triste a imagem de alguns
personagens. Bobagem! Estão mortos. Eu é que viajo nos parentes idos e suas marcas de passagem. Parecem
ainda presentes. Dentro e fora de mim. Numa espécie de tatuagem...
Minha mãe e seu vestido de noiva com enchimento
e tecido de cetim. Meu pai com o filho nos ombros, no jardim. Meu querido irmão
que já se foi... Paro nele alguns minutos. A morte não dói. Nas fotos, ninguém mais sente.
A saudade é que dói... ela é presente.
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Nas fotos dói, ainda dói talvez eu nunca mais consiga olhar fotos dos q amei, da mesma forma q olhava antes.. talvez nunca venha a ter essa paz
ResponderExcluirÉ muito surreal, a gente está lá na foto, feliz, fazendo pose e dp.. desaparece, nunca mais?
Dentro de mim eles vivem, estão impregnados na minha cabeça e em meu coração, mas muitas vezes isso não basta ... queria q ainda estivessem em minha vida como antes.
É isso.
Verdade... o sentimento não morre.
ExcluirPois é, a dor, surda pelos anos, porém ainda presente, está sempre lá, e é reavivada ao olharmos nossas fotos antigas, dos entes queridos, já ausentes!
ResponderExcluirLindo texto.
ResponderExcluirSempre comovente, sempre me emociona.
ResponderExcluirLindo texto Inês Bari