Por anos naufraguei na dúvida se o local cantado por Herbert Viana era real ou uma metáfora usada com beleza e inspiração, simbolizando uma luz no fim do túnel para alguém perdido num mar de incertezas e solidão. Mais tarde descobri que a “lanterna dos afogados” é nome de um bar, no livro Jubiabá de Jorge Amado. Lugar onde as mulheres dos pescadores esperavam seus maridos com suas lanternas em punho na ânsia de ajudá-los a achar o caminho de volta.
Dizem que algumas em desalento há muito tempo, vagavam chorosas, mas sem expressão de revolta. Outras, ainda em desespero e aprisionadas pelo tempo, mantinham acesas as luzes e a esperança de ver seu amor voltar depois de meses, até anos. Triste mar de enganos. Eles nunca voltavam. Talvez a ideia da canção tenha surgido do livro. Não duvido.
Eu me vi assim, por alguns minutos, naquele farol noturno esperando uma embarcação que não vem. Um tempo que demora e não chega. Vendo uma tempestade próxima, num mar que desassossega. Só o refrão da canção veio me consolar...
Continuei no farol com o pensamento além do mar... Tocar o barco? Esperar? Pedir a Iemanjá para nos ajudar? Sei lá. Eu estava em Penha. No farol de águas calmas. Noite bonita. Sem viúvas aflitas. O que balançava era o instante imaginário dentro da alma aflita.
Olhei com doçura a luz do farol e reacendi a esperança nas águas renovadas que vinham do mar. Como Herbert ou as viúvas em Jubiabá, cantei baixinho, pra eu mesma escutar... Eu tô te esperando... vê se não vai demorar!!!.