terça-feira, 28 de fevereiro de 2023
NEW ORLEANS... NUA E CRUA!
terça-feira, 21 de fevereiro de 2023
RENDIDA AOS SEUS PÉS...
Os patolas de pés azuis tem os pés da
cor celeste para encantar as fêmeas da sua espécie. Fiquei apaixonada assim que
vi. Se eu fosse uma patolinha fêmea cairia aos pés de um deles e seria fácil presa com vontade de procriar e encher a casa de patolinhas azuis beleza. Que maravilha a natureza e o poder de
atração dos bichos. Perpetuação da espécie. Truques biológicos pra fisgar o seu
par na época de acasalar.
Certos machos mudam a coloração para atrair suas
parceiras. Uns apresentam cores mais fortes e intensas. Outros exalam hormônios e fortes
cheiros. Há os que gritam para chamar a atenção. No karaokê da floresta, a
araponga da amazônia é a número um, com seu canto que alcança 125 decibéis,
mais que o som de uma turbina de avião. Haja ouvido pra tanta paixão.
Outros fazem a dança do acasalamento para completar
o flerte e deixar a fêmea desnorteada.
Elas caem facilmente nas trucagens do namoro. Depois do acasalamento, a
maioria retorna a ser cinzento, coisa comum na maioria dos longos casamentos.
A atração nos humanos é um pouco diferente. Alguns
até colocam tatuagens e piercings para mostrar o corpo sarado e
sexualmente preparado. Para alguns e algumas, dá resultado. Afinal, se os
machos humanos abrissem penas coloridas com olhinhos de seda como os pavões na
dança nupcial seria estranho, anormal. Nas costas então, pareceriam anjos.
Imagem sagrada, sem conexão sexual. Melhor ser atraída pelo bom canto.
Como não se apaixonar se Fred Mercury começasse a cantar Bohemiam Rapsodhy para nos conquistar?
Há diversas formas de encantar as fêmeas humanas. A
beleza, a gentileza, os órgãos, a inteligência, o cheiro, o coração...
Não sou patola fêmea embora quase me deixei seduzir
pelos pés azuis celestes dos machinhos penados.
Como fêmea humana que sou, confesso minha atração por algo bem particular. Eu me rendo e me entrego quando leio o desejo... no olhar!
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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023
OS LENÇÓIS DE CAMBRAIA!
Ela guardava os lençóis num baú de madeira muito bem polido com óleo de peroba. Tinha detalhes em dourado na bonita fechadura com cadeado. Ficava no sótão no alto do sobrado. Eu nunca vi aberto. Sabia por alto e em retalhos de conversas, dos seus tecidos finos que embalavam o meu imaginário...
O enxoval vivia no baú desde seu casamento. Eu pescava aqui e ali algumas pistas do seu rico conteúdo. Bordados ingleses, crochê, guipir, matelassê, lindas toalhas e os... cobiçados lençóis de cambraia.
Hilda era referência no bairro. Conseguiu formar três filhos doutores em plena década de sessenta, onde a maioria virava trabalhador operário. O seu sobrado era simples. No interior, uma boa mobília e presentes de família... Um piano que o filho mais velho comprou. Um vaso italiano de murano. E fotos da viagem à Europa que o filho do meio a levou. Veneza! Paris! Moscou!
Os filhos da Hilda eram tão exaltados que em nossa casa virou uma espécie de bordão, carregado de ironia. Se algo extraordinário acontecia... Foram os filhos da Hilda! A gente dizia...
No ano passado saímos de férias para Jurerê. Sem reservas de hotel, no mês de fevereiro, procurando um bom aconchego. Paramos numa pousada pequena e da praia um tanto distante. A piscina pequena lembrava um tanque. O quarto diminuto. A dona anunciou o preço absurdo... 700 reais a diária!
E toda empinada, olhando para a cama king arrumada, a senhora completou... Aqui a diária é mais cara. Os lençóis... são de cambraia!
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Vasculhe o blog Inesplicando. Tem uma crônica especial pra você!
E aguarde novidades...
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023
A SABIÁ NA TELHA...
Não passava das cinco e meia. A sabiá laranjeira
voltava pra sua casa entrando na fresta da telha. Eu olhava de baixo, sentada
na grama verde do jardim. Como vive aquela passarim? É lá dentro que ela mora. Deve ter cama de
capim. Será que tem mesa de madeira? Fogãozinho a lenha? Luz de fósforo imitando
lampião?
Na minha Liliputi da imaginação, eu tinha seis polegadas
e entrava na casa para espiar a ninhada, olhar a mobília da passarada, ir até o
fundo de telha, vasculhar a cozinha...
Eu fazia comidinhas invisíveis para o meu pai, de
criança. Era uma espécie de culinária imaginária. Ele fazia o pedido do dia. Eu
anotava. Ia numa espécie de copa secreta e preparava com ingredientes mágicos.
Punha sal, orégano, pouco alho. Não
exagera na pimenta, meu pai pedia! Eu sorria e tirava com os dedinhos, o
excesso da ardida vermelhinha.
Em poucos instantes eu voltava radiante trazendo o
pratinho invisível. Ele comia e se
derretia. Quer sobremesa? Pudim de
leite! É pra já. Eu voltava com manjar. Não temos pudim hoje, não faz mal? De jeito nenhum.
No final eu
trazia a conta. Ficou dois Reais! Eu pedia pouco. Pegava o dinheiro invisível e
ainda ficava com o troco.
Meu pai saía para o trabalho e eu voltava pra minha
telha. Meu ninho dentro de casa. Um mágico e minúsculo mundo onde tudo eu inventava.
Quando a nossa casa foi pintada, a escada dupla do
pedreiro ficou no jeito certo. Não havia ninguém por perto. Eu fui subindo degrau
por degrau para espiar a telha habitada, pensando encontrar a sabiá e seus pertences, montinhos de capim e quem sabe, uma ninhada recente.
Nada. A sabiá tinha se mudado. Uma outra visitante com mania de limpeza ocupou o
espaço... Eu também cresci. Olhava menos pro alto. Tudo que eu vi no buraco da telha, foi uma minúscula abelha, passageira...
Lambuzada e com ar de apressada, esfregava o rosto e as mãozinhas... orando e se limpando, limpando, limpando...
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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023
A PEDRA CONFIDENTE...
Todas as manhãs eu levantava cedo e caminhava até minha pedra predileta. Da minha maneira, discreta. Ficamos frente a frente na areia. Eu falo dos meus problemas. Minhas noites não tão serenas. Minhas dúvidas e hesitações. Ela fica quieta. Feito pedra, apenas escuta. E aceita minhas confidências, muda. Entendo quase sempre que eu devo me virar sozinha e sem sua ajuda.