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quarta-feira, 29 de novembro de 2017

QUAL A CAPITAL DO UZBEQUISTÃO?




Eu não os chamaria de loucos. Prefiro chamá-los marqueteiros! Natos. Originais. Alguns, geniais... Os ambulantes criativos e exóticos se espalham pelas praças, ruas e avenidas vendendo seus produtos com arte e irreverência. Aqui nas praias do litoral paulista, esbarramos em alguns interessantes...
Um deles traz o produto na cabeça. Cabelos com bizarros cachos emaranhados pelo tempo, servem de encaixe perfeito para as cascas vazias de amendoim. É visto à distância com os enfeites na cabeça. Estranhas madeixas. É o vendedor de amendoim mais conhecido no pedaço! Sujeito encasquetado. Todo encascado. Usa a camiseta da Jamaica com o rosto do Bob Marley estampado.
Outro conhecido é um sujeito gordinho. De sotaque baiano, roupa rodada de renda e voz estridente. Bate martelo num bumbo, gritando: Cocada light. Cocada diet. Cocada engordiet! Os gritos assustam os quem ainda não o conhecem. Mas ele garante que sua cocada, além de boa, emagrece! Ele vende junto a fitinha do Bonfim e ensina a prece...
O mais criativo pra mim era o vendedor de sanduíche natural, famoso aqui pelas praias ao sul do litoral. O Rambo. Faz tempo que não o vejo. Usava bermuda de exército e bandana na testa. Uma espécie de Stallone tropical! Caminhava quilômetros na areia quente da praia, lançando no ar, perguntas de conhecimentos gerais. Naquele tempo não tinha celular. Nem Google pra consultar.
O Rambo desfilava seus músculos e perguntava valendo um sanduiche natural... Quem sabe a capital? Cada vez, era um pais diferente. Vez ou outra, um professor acabava acertando. Mas, era muito difícil. E o Rambo se divertia. "Vamo estudá pessoal...Tem que estudá"... 
Acho que foi por causa do Rambo que eu jamais esqueci o nome da capital do Uzbequistão, que é a cidade de... Melhor não contar. Vou fazer como o Rambo. Vamos pesquisar pessoal! Tem que estudar...  



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terça-feira, 28 de novembro de 2017

RESENHA DO MÊS: "CARNET DE VOYAGE" - EDGAR DUVIVIER

                                       “... o mar é um ótimo papo, sabe escutar e
                                                                guardar segredos pra sempre...”     
    Lindo de ler! Lindo de ver...  
Tem horas que a gente não está pra coisas muito densas e profundas. A vida anda tão carrancuda... O mundo, conturbado. Pra esses momentos que buscamos um pouco de leveza e um toque de beleza, nada melhor do que viajar nas páginas do livro “ Carnet de Voyage”. São 24 mini crônicas, acompanhados de belíssimos desenhos, que colorem cada cenário visitado pelo autor. Textos pequenos e deliciosos. Uma mistura perfeita! Afinal, à espera da terceira idade, como o próprio autor se declara, o escritor, músico e artista carioca Edgar Duvivier mostra sinais maduros de quem aprendeu saborosamente com a vida, o que é um bom cardápio... " escolher uma viagem é, as vezes, como escolher um prato de um restaurante que você já conhece. O apelo de repetir o que a gente gosta é grande, e acaba que muitas vezes, repetimos o prato.”
E ele repete mesmo. Sem pudor... “ sempre que posso volto a França...  como um pombo volta pra casa.” 
Comparando a vida, com grata simplicidade “... uma espécie de Carnet de Voyage. Um livro em branco onde vão se escrevendo histórias, se pintando quadros e guardando retratos.”
Longe de ser um guia turístico dos locais por onde passou, o livro de Duvivier é o registro de alguns lugares que ficaram na sua memória, nem sempre por serem os melhores, ou mais bonitos, mas por terem, de alguma forma, deixado uma marca... Assim foram, Roma “ onde você vê mais esculturas que gente...”, Lisboa “ é como visitar a casa da nossa avó”, New York “A menos americana” e “a mais americana do mundo”, Patagônia  whisky on the rocks com pedras de gelo milenares”, Cuzco  "No trem, entre porcos, galinhas, índios e turistas..” ,
Parada Filgueiras.,. “ Quando algum dia eu não vir mais nada, acho que estarei ainda vendo o sol nascer em Parada Filgueiras...”
E, vários outros locais exóticos, como Canal de St Martin, Boulder, Ilha da Madeira, São Domingos... Sem faltar, é claro, o seu Rio de Janeiro, por quem o autor se confessa apaixonado, “apesar de tudo”. Daí, talvez, o olhar poético sobre as favelas...  Quando escurece e as luzes se acendem no morro, as favelas dão de presente pra cidade um tesouro de jóias que brilham sob as curvas escuras das montanhas adormecidas”. Ou ainda, derramado sobre as praias cariocas...“ a praia do Arpoador é a praia em si!
É deste jeito que  “Carnet de Voyage” nos encanta e delicia. Como um leve e breve passeio olhando belas paisagens. Obra de um autor maduro, que divide com o leitor, seus desenhos, memórias e seu olhar poético. Sensibilidade que alcança além das emoções e experiências individuais, provocando ternura naquele que lê!  Como em seu último conto, o retrato delicado da mãe aos noventa anos, caminhando na praia rumo ao futuro, incerto...“ o medo da morte está na razão, o instinto sabe que tudo é um fluir!”
Carnet de Voyage flui deliciosamente bem. Um livro lindo de ler! Lindo de ver!
  
Livro: Carnet de Voyage
Autor:  Edgard Duvivier
Publicação: Julho de 2015
Número de Páginas: 60
Coleção: Passos Perdidos
Gênero: Crônicas
 
 
 
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quarta-feira, 22 de novembro de 2017

NEM SIM, NEM NÃO!


A idade vai nos lapidando. A vida calcada nas experiências apura nossos sentidos. Cada vez mais ligeiros percebemos as meias, primeiras ou décimas terceiras intenções. Um sorriso de lado. Um ato disfarçado. Um aperto de mão vazio. Um olhar de esguio...
E quanto mais desvendamos a alma humana, mais triste descobrimos suas artimanhas. E como é chato ter de ler nas entrelinhas... Um textão de ladainhas. O que quis dizer aquela frase pela metade? Fulano está ressentido de verdade? É meu amigo ou inimigo? Foi um elogio ou pura falsidade?
As redes sociais são mestras na especialidade. Repletas de meias palavras e meias verdades. E não temos mais tempo pra isso. Queremos, alguns poucos e em geral mais solitários, tudo mais claro. Transparente, se possível! 
Nada de dizer que está lindo, o que não está. Dizer que gosta, quando apenas suporta o lugar! Comer mortadela e um peru ter de mostrar. Que tal abrirmos as portas? As janelas. O coração... Feito crianças, com respostas simples: sim ou não!
Na juventude, nadando na corrente, a gente segue a massa e não lê os entrementes. Surfa na onda emergente sem perceber.  Depois que se amadurece e mais fundo o ser humano se conhece, torna-se fácil decidir. Nada de meios sorrisos. Meias verdades. Meias intenções.
A idade madura pede clareza. Olho no olho. Palavras e gestos reais. Sejam eles doces ou amargos. As Monalisas me desculpem... 
Prefiro os sorrisos largos!


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sábado, 18 de novembro de 2017

QUANDO EU PAGAVA MEIA...


O nome era cine Universo. Tinha o teto retrátil. O que era muito mais interessante que a maioria dos filmes que passavam.
Era mágico e excitante ver aquele portal gigante abrindo lentamente no final de cada sessão. E tinha sempre um noticiário em branco e preto antes dos filmes. O Primo Carbonari, com trilha orquestrada e notícias em voz padrão. E o Canal 100, mostrando cinematograficamente um clássico no Maracanã apinhado de gente. Eu gostava daquele balé de pernas, filmadas de baixo pra cima, driblando e passando a bola em “slow motion”.
A maioria dos cinemas da época apresentava sessões duplas. “Dio Come te amo” era batata, antes da estreia de um novo filme, deixando ainda mais romântica a adolescência paulistana. Ninguém reclamava. Tudo era cinema! Cada qual com sua magia. E chatos dos lanterninhas...
Gazeta, Gazetinha e Gazetão eram vizinhos dos famosos cursinhos. Fontana e sua sessão tripla no Brás. Copan e Belas Artes, o cinema dos artistas. Bijou, Olido, Marabá. Cada um com o seu charme e beleza. E todos com o mesmo cheiro de aromatizante. Pipoca amanteigada e refrigerante. 
Cines de som horroroso. Cadeiras de madeira e duro encosto. Por onde deslizavam chaves e carteiras. E depois de sentar, a estranha mania de observar... A mulher mais nova e o senhor sem cabelo. O homem magro, de rosto vermelho. A mulher que saiu do cabeleireiro. Eduardos e Mônicas, sem moto, sem camelo...
Tudo num cenário mais antigo. Na sessão, vários amigos. E o cara gigante que sentava na nossa frente roubando parte da legenda e da nossa paciência.
Coisa de cinema. Tudo encantava. Mas o cine Universo superava. Quando não chovia, o enorme teto se abria. Para que até os anjinhos, lá de cima, dessem uma entradinha. Pura cortesia!  
  
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Para os que conheceram o Cine Universo e (ou) para os 
curiosos e interessados... 
segue abaixo o link para a visita virtual ao antigo Cinema!
Vale a pena...
http//:www.itaucultural.org.br/faca-um-passeio-pelo-cine-universo-projetado-por-rino-levi

OBRIGADA POR VISITAR O BLOGUE INESPLICANDO!

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

PENDURANDO ORQUÍDEAS


Parece que combinaram. Todos os meus vizinhos da rua. Os da direita, os da esquerda e os de frente... Resolveram pendurar orquídeas em suas árvores defronte aos prédios onde moram, no finalzinho do mês de setembro. E parece que as plantas acolheram docemente o local da exposição. Florindo todas ao mesmo tempo, numa explosão de cores em meio ao concreto e o cinzento das ruas.
Tem as amarelas. As brancas e lilases. As roxas. As azuis. E até as múltiplas róseas! Desde então, minha caminhada não tem sido a mesma. Agora, a pé pela calçada, não penso nas tarefinhas ordinárias, nas compras do mercado, no político safado, na conta que não fecha. Agora vejo árvores! Suas cores. Seus tamanhos. Seus troncos enfeitados.
Percebi duas quaresmeiras entre os enormes chapéus de sol. Uma pitangueira. Dois Ficus. E uma pequena e florida, que ninguém sabe o nome. Nem o porteiro do prédio. Linda. E com orquídeas penduradas, mais ainda!
Penso que essa delicadeza despertou o meu novo olhar... E me atrevo a imaginar que, talvez, um dia, a gente pudesse pendurar orquídeas em todo lugar.
Naquele quartinho de casa, cheio de quinquilharias, roupas e sonhos amarrotados... Uma orquídea por lá, não iria nos provocar?  E uma orquídea no porão ? Uma no estacionamento? Outra, no viaduto de cimento. Ah.. e uma enorme, bem no pescoço do chefe avarento.  Não custa tentar... 
Pendurar orquídeas é bom demais! Elas mudam nosso olhar! Na minha rua já temos nas árvores, nas praças, nos jardins e quintais. Pensamos, agora, em orquídeas nas rampas de Brasília... 
Mas seria contraste demais! 

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"INESPLICANDO VOL 2 60 CRÔNICAS E UM CHORINHO..."
 
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