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sábado, 6 de julho de 2024

O BARULHO DA ÁGUA DO RIACHO...

Riacho. Acho que ri. Acho que corre. Acho...

Acho que riacho é um gotejar fresco de barulho delicado. Vai levando intermitente o passado. Pois é água corrente. É sempre presente. Um agora sem fim.

Acho a felicidade um riacho que corre em gotas. De alegrias pequenas, serenas. Um café sobre a mesa. Um pio de ave na natureza. Um beijo macio de delicadeza. 

Riacho, eu acho, é um existir tímido e tranquilo.  

O oceano é intempestivo. Rítmico e mítico. Tem nome e sobrenome. Atlântico, Índico, Pacífico. O riacho nem nome tem. Ele vem, continua e some. Vai pra onde ninguém vê e se mistura sem ego, num maior ser. 

Mais jovem fui um oceano rufando. Com águas revoltas e Júpiter evocando. Acho que hoje, diacho, hoje sou um riacho. Acalmei as marés cheias e as ondas crespas do passado. Está tudo mais calmo. Serpenteio maleável em cada curva do leito, ao som de uma leve música que acalma meu peito.

Olhar o canal e a ponte de madeira trouxeram de volta a imagem do riacho que eu acho que corre. Acho que ri. Acho até que canta. Ouço o barulho do seu gotejar inundando a lembrança. 

Hoje, mais humilde e mansa, brinco e me alegro em pingos. Todos os dias são domingo. Vou saboreando a beleza da natureza e dos bichos. Conservo poucos e bons amigos. 

Sou um fio de rio. Flor que boia. Não para o oceano aberto, mas para um lago manso que eu sinto mais perto. Lago da maturidade. Lago com um banco branco e jardim.

O riacho, hoje, passa lento... dentro de mim.


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