Dona Helena abriu a porta e pediu que eu subisse as velhas e gastas escadas de madeira do sobrado com cheiro de óleo de peroba impregnado. A máquina de costura com velhos tecidos e o aroma da alfazema me levaram à uma antiga cena. Os abraços perfumados nas festas de aniversário. Aroma fresco e familiar da essência da no ar. Às vezes, um tio ou tia aparecia com uma ou outra fragrância conhecida. Violeta ou almíscar.
Cheiro de fruta madura. Cheiro de manga. Pitanga. E todas as frutas misturadas na quitanda!
E o cheiro de pão quentinho? Cheiro de café passando? Cheiro de omelete. Bacon fritando. E assim continuamos. Eu ia puxando... Cheiro de fogueira. Pólvora no ar. Madeira queimando.
Nem sempre o cheiro agrada, dizia ela, tem o cheiro de água parada. Cheiro de gás metano. Estrume de vaca. Borracha queimada.
E tem cheiro que regenera... cheiro de chuva na terra. Cheiro de tinta aquarela. E cheiros inquietantes. Cheiro de incenso indiano. Cheiro de livros não lidos na estante.
Seguia a tarde perfumada e solta, com a lista voltando vez ou outra. Cheiro de dar fome e desejo? Cheiro de queijo. De baton no beijo. Fondue de moçarela. Pipoca estourando na panela...
E o cheiro mais divino, falei provocando? Cheiro de Lírio no campo. E da dama da noite, aberta de amor, exalando...
Foi aí que Dona Helena respirou mais fundo e sorrindo... O que entra vivo pelas narinas, minha filha, são memórias afetivas... de toda uma vida.
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que texto lindo! lembrando aqui tantos cheiros me vem à mente!... E o cheirinho das roupas de minha mãe!... E das suas mãos!...
ResponderExcluirQue lindas lembranças! Obrigada pela leitura! bjs
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