Os chãos mais novos e os acarpetados foram carcomidos ou sumiram com o tempo.
O chão de caquinhos vermelhos continua inesquecível feito a cicatriz que ele plantou no meu joelho.
Lembro dele nos quintais e áreas de serviço. Ainda encontro nas
casas dos bairros mais antigos. Combina com casinhas de cachorro e
vasos com renda portuguesa pelos cantos. Eu brincava tanto.
Cacos de azulejos brancos, beges e azulados também eram muito utilizados. Pontudos, irregulares e misturados. Eram mais baratos que as peças inteiras e melhores que cimento para se ter no chão. Também tiravam nossa pele no menor escorregão.
Nas casas de praia, recordo dos chãos gelados das pedras de ardósia, em verde escuro ou
cinza chumbo. Enceradas com uma cera brilhante e no centro, um tapete artesanal de barbante. O chão com frescor matinal. Coisas de praia, sandália, areia e sal. Ardósia é nome bonito. Parece flor. Ou doce com creme de leve sabor.
Os chãos foram mudando com o passar do tempo. Cada um teve seu momento. Nós, os bichinhos de
apartamento, acostumamos nos anos oitenta com os carpetes peludos. Lembro do meu quarto. Carpete cor
de ouro e o outro, rosado. Eram aconchegantes. Rolávamos durante o dia entre espirros e alergias.
Vieram os carpetes de madeira e o toque-toque dos saltinhos esfuracando o chão.
Hoje, os azulejos modernos imitam com perfeição. Madeira,
pedra, antigos ladrilhos portugueses. Reproduzem perfeitamente. Mas não tem marcas nem barulhos de memória. Só presente. Sem a poesia dos pisos de antigamente.
Comprei a minha primeira casinha, pequena
e de acabamento antigo e o piso me revirou a cabeça. O antigo dono colocou pastilhas de parede, brancas e verdes, por todo o chão. Eram pequenas e
quadradinhas, usadas geralmente na frente dos prédios.
Ótica estranha. Incongruente. Era como se eu, uma espécie de mulher
aranha, andasse pelas paredes, torta e sem direção.
Deu três meses e troquei o piso. Meti um porcelanato branco de agradável visão.
Não é bom perder o chão!
Engraçado.. para.mim tb pisos de moradia ficaram em minha memória..
ResponderExcluirCimento liso q recebia cera para ficar vermelho , como se usava..
Quintal de caquinhos coloridos,q eu adorava e q c/ certeza eram mais baratos.
Carpetes grossos e macios, adorava, mas dp foram execrados e ficaram fora de moda.
Todos me lembram várias fases e tenho saudades de todas..
Esses cacos vermelhos mereceram diversas crônicas, tal a persistência de sua imagem na memória dos paulistanos, principalmente. O que começou com um funcionário que solicitou os refugos da empresa, acabou virando febre. Eventualmente este piso chegou a ser mais caro que aquele feito de peças inteiras.
ResponderExcluirQue maravilha suas informações, Chamedwek... se puder, deixe nos links de matérias relacionadas. Realmente interessante e mágico esse piso paulistano... Obrigada por participar!
ExcluirOi Inęs, ė a Rosane
ResponderExcluirInteressantīssimo escrever uma crônica sobre pisos de antigamente...Pensar neles nos leva a uma viajem no tempo...
Atė os 10 anos de idade morei numa casa no Tatuapė que tinha o quintal revestido com caquinhos de ceræmica vermelha. 52 anos atrás!!!! Minha māe encerava uma vez por semana e eu passava enceradeira pra dar brilho.Serå que alguėm nascido neste milênio sabe que isso era um eletrodomėstico muito popular?
Bjs
Oi, querida, Rosane... Estes tais caquinhos vermelhos residem na nossa imaginação .. e como disse o leitor no comentário acima... eles foram tão bem aceitos, que se tornaram mais caros que as peças inteiras.... Mas já faz um bom tempo, não é? Eu acho que nenhum jovem sabe mais o que é "enceradeira"... mas eram lindas... algumas de aluminio cromado ... lembro bem! Agora... só em antiquário! beijos e obrigada por estar aqui no Blog... Se quiser seguir.. é só clicar lá no alto da página! ( seguidores) vou amar....
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