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quarta-feira, 18 de junho de 2025

A PAZ DO BANQUINHO...

                                                              

Preciso de um tantinho de paz. Uma paz quietinha. Miudinha. Num lago adormecido. Com um banquinho branquinho para me sentar.

De criança eu buscava as pedras roliças e chatas. Alçava o braço para trás e lançava. O golpe ia rente à água e a pedra seguia ligeira, pulando na superfície. Uma, duas, três vezes, quicando. Pai, mãe, filho e filhas! O lago aos poucos ia se agitando.

Menina maluquinha, eu voltava e lançava mais pedrinhas para formar a grande família. Nunca conseguia. A cortina de água inerte e calma do lago respondia com ondas pequenas. Círculos que saiam do ponto de contato e se estendiam num grupo de ondas suaves até a borda final. Logo o lago voltava ao seu estado pacífico, natural.

Sinto falta da criança pedra-saltitante que eu era. Um certo cansaço me alcança. 

Algumas pedradas da caminhada criaram ondas gigantes na minha alma. A violência nos ronda. O mundo, às vésperas de alguma ofensa tonta.

O tempo e a esperança deslizam pelas frestas. A Terra reclama. Caem gelos e perigosas pedras.

Achei o banquinho. Branquinho, no lago calmo no meio do mato. Sentei sem nada nas mãos. Olhei as árvores, o céu, o lago calmo e feliz. Ficarão nos olhos as fotos que não fiz.

O manto da noite desceu com um ar de conclusão. Tudo seguiu em paz, só as cigarras entoavam uma canção.

Quebrando naturalmente o si si si si... silêncio.



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A brincadeira de quicar pedras na água é levada a sério por muita gente. O stone skipping tem até uma associação norte-americana e recorde mundial reconhecido pelo Guinness Book... 88 pulos!

https://gizmodo.uol.com.br/pedra-quica-88-vezes-na-agua/

 



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