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quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

AS RABANADAS DA VOVÓ...

Alguns itens nas receitas vão se perdendo no tempo, aqui e acolá. Outros ingredientes são danados, incorporados em certo momento, se perpetuam no lugar.

Eu continuo fazendo as mesmas rabanadas portuguesas que minha mãe fazia nas tardes quentes próximas do Natal. Separo as fatias grossas de pão velho, o leite açucarado num prato raso e os ovos batidos na velha tigela. Depois frito em óleo quente, salpicando levemente açúcar e canela. Faço assim há décadas. De olhos vendados. Reproduzindo a velha cena, de um doce passado materno.

Foi uma surpresa provar na casa de uma portuguesa autêntica uma rabanada diferente, oferecida gentilmente para todos à mesa. Mais dura e com o pão escurinho, por conta de um creme com vinho. 

Eu que nunca usei vinho! Minha mãe também não. Será que a vovó subverteu a receita e não nos contou?

A origem das rabanadas aguçou minha curiosidade junto com  minhas papilas salivadas, de tal maneira que fui pesquisar as primeiras rodelas servidas nas ceias de Natal. Seriam minhas rabanadas réplicas simples e abrasileiradas?

A origem é mesmo europeia. E muito antiga. As entregas? Talvez com charretes, em meados do século dezessete! Foi criada para aproveitar pães velhos e amanhecidos e se tornou alimento sagrado no Natal por representar para os católicos, o corpo de Cristo. Alguns dizem que a origem é francesa e não portuguesa. Prefiro crer ser lusitana.

Fui aos risos ao saber que lá são chamadas de fatias paridas ou fatias douradas. 

Pode-se usar cacetes ou bengalas amanhecidas. E nas receitas portuguesas mais sofisticadas, usa-se o vinho! Achei o danadinho. Acho que a vovó usava e a mamãe cancelou sem dizer nada.

Seja qual for a receita original,  sempre respinga na gente um ingrediente ancestral, além daquele pingo de óleo quente no braço que é fatal.   

É a lembrança das tardes doces e quentes. O meu coração,  embebido em leite, respingou no meu peito uma saudade de dar dó.

Rabanada. É o açúcar da mãe. E  sabor da vovó!

 

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2 comentários:

  1. Senti cheiro de infância lendo "AS RABANADAS DA VOVÓ...". Infância pobre, curiosamente, eu achava que minha vó queria nos enganar com uma sobremesa de pão amanhecido, eu queria manjar, mas na hora saboreava deliciosamente aquele pão frito e açucarado. A receita eu não sei dizer, eu queria manjar. Hoje faço questão de ter o manjar em minha ceias, mas confesso que fiquei com vontade de comer as rabanadas lendo você! Boas festas Inês!

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