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quarta-feira, 11 de agosto de 2021

O BONDE E A ESPERANÇA...

A Rua João Pessoa é uma linha reta que vai dar no Porto de Santos, cruzando o centro antigo da Cidade. Zona das bocas e da antiga boemia. Dos famosos Love Story e Fugitivo. Região do cais. Notívago caos. 

De dia, o comércio já não cresce. E à noite, quando escurece, as mulheres aparecem feito mariposas. E se espalham pelas casas noturnas, salteando alegres entre clientes e copos de cerveja. Som de forró e música sertaneja. 

São muitas. Algumas, atrevidas. Outras simpáticas e coloridas. Gordas, magrelas e sofridas. Expostas! Com pernas à mostra. Porém, mais discretas que os rapazes da General. Com saltos quinze e meias arrastão. De humor ácido e escrachado. Vozes finas e físicos avantajados. 

Conheci alguns deles de tanto caminhar, na saída do trabalho, no lusco-fusco confuso do horário das sete da noite. Todo cuidado é pouco, no velho centro da cidade. É nessa hora que tudo se mistura. Trabalhador e meliante. Policial, vendedores, ambulantes... E as mulheres convidativas surgem dos casulos ocultos da avenida. Borboletas esvoaçantes... 

O Centro histórico de noite fervilha. Tem cheiro de gasolina e maresia. É a zona do Porto. Beira do cais, onde tudo começa e termina. Rota de tantas vertentes. Entrada dos esperançosos. Saída dos descontentes... 

E foi no meio de toda essa gente que eu vi uma moça na esquina. Cara de menina. Corpo de adolescente. O que fazia? O que tinha em mente? Algum dinheiro ou presente? Passei com meu saquinho de pipoca doce, ainda quente, que ela me pediu só com o olhar... Queria provar. Como quem quisesse, talvez, fugir e brincar.

Estendi a mão e ofereci a pipoca. Ela pegou e sorriu. Guardei na lembrança. O bonde passou. Ela subiu. Segui com o meu saquinho de pipocas, quase vazio. Mas no fundo, lá no fundo, um grãozinho, ainda puro, de esperança. Seu sorriso era de criança. 

 

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VEM NOVIDADE POR ÁI...

O UNIVERSO INESPLICANDO VAI FICAR MAIOR!

AGUARDE! 



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