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quinta-feira, 1 de maio de 2025

AMOR COM FRITAS...


- Minha mãe fez batata frita! 
Desse jeito, cheio de alegria, o menino me informou o cardápio do dia. Agarrando fortemente minhas pernas e provocando risos nas pessoas que estavam na fila. Depois completou... ela me deu conchinhas também! Tirou umas duas ou três do bolso e me mostrou o seu novo tesouro.

A mãe, desconcertada, veio rapidamente ao nosso encontro...  

- Que menino tagarela. Gosta de uma plateia!

As conchinhas pegamos ontem na praia. - Vamos Nicolas, larga da minha saia! E colocou o garoto no colo, ganhando um forte abraço no pescoço e um beijo estalado no rosto.

Aquele gesto e os olhos brilhantes do menino aqueceram a tarde concreta e fria no meio da longa e demorada fila, a mistura de amor com batata frita. O prato bom do dia! 

O banco era um alvoroço. Gente falando grosso. Idosos inconformados. Atendentes mal humorados. E as portas giratórias travando a fila numa coleta rotatória de chaves e celular. Tiravam também a paciência e os nervos do lugar.

O Nícolas não estava nem aí. Ele queria era contar para todos ali, o sabor do amor que sentia. Que se misturava com arroz, feijão e batata frita. Prato feito. Perfeito. De mãe! Carinho expresso e explícito. De quem atendeu seu pedido. Como as conchinhas catadas uma a uma na praia. Que valiam bem mais que dinheiro, notebook ou celular. Sua mãe lhe deu seu tempo. Seu peito. E até as conchinhas do mar.

Seus olhos vibravam acesos no sentimento imenso que ele tinha pra contar. 

E quando eu já ia embora, ele saiu correndo me agarrando outra vez...

- Eu me esqueci! Ela também fez um ovo! 

E seus olhinhos alegres se estalaram... de novo!



                   *                              *                               

 

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