- Minha mãe fez batata frita!
A mãe, desconcertada, veio rapidamente ao nosso encontro...
- Que menino tagarela. Gosta de uma plateia!
As conchinhas pegamos ontem na praia. - Vamos Nicolas, larga da minha saia! E colocou o garoto no colo, ganhando um forte abraço no pescoço e um beijo estalado no rosto.
Aquele gesto e os olhos brilhantes do menino
aqueceram a tarde concreta e fria no meio da longa e demorada fila, a mistura de
amor com batata frita. O prato bom do dia!
O banco era um alvoroço. Gente falando grosso. Idosos inconformados. Atendentes mal humorados. E as portas
giratórias travando a fila numa coleta rotatória de chaves e celular. Tiravam também a paciência e os nervos do lugar.
O Nícolas não estava nem aí. Ele queria era contar para todos ali, o sabor do amor que sentia. Que se misturava com arroz, feijão e batata frita. Prato feito. Perfeito. De mãe! Carinho expresso e explícito. De quem atendeu seu pedido. Como as conchinhas catadas uma a uma na praia. Que valiam bem mais que dinheiro, notebook ou celular. Sua mãe lhe deu seu tempo. Seu peito. E até as conchinhas do mar.
Seus olhos vibravam acesos no sentimento imenso que ele tinha pra contar.
E quando eu já ia embora, ele saiu correndo me agarrando outra vez...
- Eu me esqueci! Ela também fez um ovo!
E seus olhinhos alegres se estalaram... de novo!
* *
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