Ela entrava correndo na pontinha dos pés para alcançar com sua mãozinha, a jaboticaba
grudada no tronco da árvore do quintal da avó. Dudinha sabia a
felicidade que é colher uma fruta no pé. A magia do alcançar. Tocar. Levar à boca e saborear. A natureza sem sofisticação. Fruta catada com a mão.
Na minha infância no bairro da Moóca, as árvores frutíferas enfeitavam as ruas e as praças. A casa de muro verde da esquina tinha uma
caramboleira que se esparramava. Metade pra dentro e metade pra fora da casa. Ágil e esperta, eu era requisitada para subir nos ombros dos mais velhos e buscar as frutas mais amarelas. No chão, carambolas azedas e esmagadas. Ninguém ligava. Era cheiro de fruta
amassada.
Na praça central, um enorme abacateiro. Embaixo um
banco de ferro desgastado. De vez em quando um abacate caía rápido feito um machado, assustando os descuidados.
Minha colheita mais abundante foi no sul da Bahia. No estacionamento do hotel onde havia uma árvore de seriguela. Na ida e na volta da praia, eu enchia o chapéu de palha de frutas para ir devorando uma a uma. Eram doces e vermelhas.
No dia de partir perguntei pra camareira nativa... Por quê ninguém daqui come as seriguelas? A moça pensou bem e respondeu com uma risada. - Quem come essa fruta, não casa...
Mostrei a minha aliança. Sorri e tasquei mais três seriguelas na boca. Fake news da roça, moça!
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Tão bom esse resgate dos prazeres da infância né..
ResponderExcluirPodendo subir em galhos, sentir o gosto das frutinhas, curtir o proibido..
Tão gostoso ler suas crônicas Inês Bari..