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Primo Jairo
28/3/2025
Que carta linda eu te escreveria hoje. À la Drummond. Diria que o timão papou mais um.
É campeão!
E foi “daquele” jeito. Na raça, na luta, na vontade. Na
provocação.
E teve confusão, afinal Débi é Dérbi, não? O papai iria
azucrinar o amigo Cola, o bom e ranzinza “parmeirense” Nicola. Ia perguntar: cadê a academia? Não tem mais
Ademir da Guia. Estevão é bom. Mas precisa comer muito arroz com feijão. Faz
parte a zoação dos mais antigos. Já perdemos tanto destes bons e irritantes “inimigos”.
Acontece que cada título é uma luz na alma que se acende.
Corinthians é coisa que só corintiano entende. Doença. Crença. Uma paixão. Tortura pura pra quem é
ansioso de coração.
À vezes, falta o
fôlego. Tudo é sofrido. Nunca foi fácil. Como a vida da gente. Acho que é
por isso que a gente se compreende. A nação se ajuda. Canta alto. Pra espantar a zica e mostrar que juntos temos poder. O
poropopó diário que a gente do povo tem pular pra vencer.
E o timão nunca teve a frieza dos adversários. Com a gente é
sangue no olho, tapa na orelha e muito barulho. A gente ganha, ou perde tudo. É
gloria ou fim do mundo.
*Toquinho disse na canção... ser corintiano é muito mais que
ganhar ou perder. É um jeito de ser e viver.
Primo, que carta legal seria esta de hoje. Mas não tenho
mais o seu endereço. Você se mandou. Tem
CEP no céu? Não sei. O mensageiro de Deus não me informou.
E o papai ? Mora ao lado? E o meu irmão, tem visto ele
ultimamente? Ia querer o resumo do jogo,
os momentos principais. O Memphis é bom
mesmo? O Garro, o Yuri, o Hugo? Quem jogou mais? Tudo bem detalhado. Eu ia
resenhar um bocado.
Mas aí onde vocês estão... não chega a minha conexão. A internet não vai
tão longe. Talvez uma fugidinha da alma hoje à noite e eu consiga enviar um...
Vai curintiaaaaaaa!!!!
Pode ficar alegre primo! Chama a Marli para uma cacheta. Meu
pai para um truco. Não é blefe não.
Quem pegou o caneco ontem... foi o timão!
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TOQUINHO TOCA POROPOPÓ
https://www.instagram.com/reel/DHukepgsVZJ/?utm_source=ig_web_copy_link&igsh=MzRlODBiNWFlZA==
Às sete acordo. Tomo banho. E quero melhorar
o mundo.
O dia é uma folha em branco. Meu otimismo é a
roupa recém-lavada que visto na manhã onde tudo parece possível.
Às oito caminho. Os compromissos e as memórias
se entrelaçam. Projetos se desenham no horizonte. Os ensaios de ontem ganham
forma na minha mente arejada. O sucesso caminha ao meu lado, descalço e
sorridente. Sou o otimismo que corre na areia. A alma passeia.
Às dez sento para escrever. E as palavras se
dispersam em folhas que caem e a clareza se esconde atrás de montanhas. A
inspiração hesita. O texto gravita, solto, sem contorno. Não insisto. Há dias
em que a alma se veste de outono.
Às quatorze almoço. O corpo assimila os
nutrientes, a mente absorve as horas engolidas. Tudo se mistura no menu – o que
fui, o que serei, o que ainda não entendi e não sei.
Há renovação no mastigar e as frutas da
estação me lembram que a vida segue em ciclos, em fomes, alternâncias de
humores. Às vezes, tensão. Às vezes, flores. Oscilações da alma.
Às quinze toca o celular. Retomo o fôlego,
ajeito o corpo. A vida pede sequência, ainda que a alma preferisse uma “sesta”.
Às dezessete, desempenho total. Escrevo,
resolvo, organizo o carnaval. Como se a tarde entendesse sua missão de me
reconciliar com o dia impreciso e lento. Há uma pressa, uma necessidade de
fechamento.
Aproveito esse instante, sei que sumirá ao
cair da noite.
Às vinte,
respiro fundo, mas o mundo me invade.
A tevê cospe sua tragédia diária,
e a esperança, que de manhã eu vestia, agora tem manchas de dúvida e pessimismo.
Minha alma oscila outra vez.
Às vinte e três, busco novo equilíbrio, vejo
uma série leve ou parto para um livro.
E já é meia noite. Queria ter dormido antes. Queria
ter regado as flores.
Queria
ter cantado no microfone. Vou deitar apressada.
Amanhã acordo cedo. Tenho que melhorar o
mundo.
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O caminho de terra sombreado pelos galhos acumulava várias camadas de folhas, produzindo um crepitar seco e quebradiço ao pisar. Muitas vezes eu ia com os pés descalços só para tatear. Apreciava o som de cada passo. E o piar de alguns pássaros completando a trilha natural.
As aves entocadas também trocavam suas plumagens. De quem é essa
pena? Sabiá laranjeira, eu dizia sem convicção. Pode ser que sim, ou que não. O
outono é assim...
Nos dias chuvosos a estrada ficava úmida. Também tinha beleza. Era o pisar do macerar. Macieza umectante. Alguns pássaros, ainda que distantes acompanhavam na esperança de algum bichinho na terra, saltitante. Sempre havia um inseto descuidado, coitado.
Eu ia com
minha mãe procurar pinhas para enfeitar o Natal. Mas já? É que as pinhas tem
de descansar. Secar bem, para abrir os gomos por inteiro, feito flores de madeira,
prontas para enfeitar a ceia. E elas estavam lá, espalhadas pela estrada. Algumas
pequenas e quebradas. Outras perfeitas. Colocávamos as melhores no chapéu de
palha. E o sol tímido não esquentava nossas cabeças. O outono é assim...
Levávamos, eu e ela, um cajado. Galho duro que eu
procurava feito detetive no meio do mato. Logo achava um pequeno jogado e ajudava
minha mãe a encontrar um cajado maior e mais largo. Nosso andar era calmo e
cheio de perguntas sem respostas. A cerquinha caiu! Foi o tempo ou foi o vento? Os
dois. O outono é assim...
Hoje, os passeios e o chão de folhas secas ficaram
na lembrança dos outonos da minha infância. Em algum sítio da memória. Tenho
pisado em terrenos mais urbanos. Ouvindo sons de carros e lamentos humanos. As caminhadas
na areia ainda resistem, mas as pisadas somem rapidamente com as ondas do mar.
As folhas, o cajado e minha mãe ao lado, continuam eternos. A saudade bateu hoje em mim.
Foi o tempo ou foi o vento? O outono é
assim...
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Agora veja o vídeo desta crônica , clicando abaixo! E viaje nessas lembranças...
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Ela subia num degrauzinho de madeira para ficar mais alta e ajudar por alguns minutos no caixa.
A venda da Dona Emília era daquelas
antigas, com prateleiras de madeira escura, grandes sacos de juta com bordas
enroladas, cheios de arroz, feijão e milho em grãos. Latões de óleo. E uma
vitrina de doces coloridos que juntava crianças feito formiguinhas no
açucareiro.
Na lousa preta, na porta principal da venda, escrito
com giz, o chamariz. "Aqui tem. O melhor sorvete de ameixa do Belém!" Devia
ser. Aos sábados fazia fila na venda da Dona Emília.
A casa da família era no andar de cima e perto do meio dia, minha vó subia para aprontar o almoço, entornar as ameixas no leite cremoso e fazer mais um latão do sorvete famoso.
O avô, que tinha
levantando às três da manhã para comprar as mercadorias, acordava a contragosto
e descia para tomar seu posto, até minha mãe, pequenina chegar e se oferecer para ajudar.
As meninas do bairro só pensavam nos vestidos e nos
cabelos de domingo. Minha mãe continuava no caixa, lendo um livro ou um gibi. Foi
assim até a adolescência. As meninas liam revistas. Minha mãe, Machado de
Assis.
A revista Cruzeiro com as estrelas de Hollywood definia a roupa e os cabelos da moda. As costureiras do bairro trabalhavam para reproduzir igualzinho, encontrando os tecidos perfeitos.
Minha mãe escolhia um
vestido antigo que não servia mais para a irmã mais velha e vestia. Dona Emília
ajustava no corpo com a ajuda da velha máquina de costura. Mas o cabelo era a
parte mais dura. Não tinha paciência, nem desenvoltura.
Algumas garotas contavam seus cento e vinte cachinhos.
Sessenta pra cada lado. Ou nem saiam para o desfile de sábado. Ser "Shirley
Temple" ( foto) dava um trabalho danado. A manhã inteira com bigudins pendurados, pensando nos cachos e nos futuros namorados.
Poucas horas antes do "footing", minha mãe largava os livros e corria para fazer seus oito cachos. Quatro pra cada lado. Nada mais. A tarefa a aborrecia demais.
Pouco antes de sair ela soltava as madeixas. Os
cachos lambidos escorriam da sua cabeça. Ela sorria. Não ligava. Não combinava
com as duras cabeças empoladas.
Meu pai, um dos rapazes cobiçados do bairro do Belém, disse certa vez o que viu de diferente na minha mãe, no meio de tantas divas hollywoodianas com seus cabelos de spray.
Sua mãe tinha a justa medida. No vestido simples, o corpo bonito transparecia. Sua boca alegre sorria.
E o cabelo... ah, o cabelo, natural e leve. O vento desenrolava e ele bailava... e se mexia! O cabelo também sorria.
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