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quarta-feira, 20 de novembro de 2024

ACORDANDO COM PASSARINHOS...


Avistei, sonolenta, pela janela... Biquinhos, saltitos e penas! A felicidade plena. Ao nível de um habitante do Butão. Aquele país próximo ao Nepal, onde as pessoas não desejam quase nada. Não há muito mais o que desejar. Onde a brevidade das coisas está sempre presente. Onde a mente, simplesmente, repousa serena e feliz.

A felicidade tinha asas e pousou junto com os dezoito passarinhos que avistei. Logo de manhãzinha, na grama do jardim do pequeno paraíso verde onde me recolho aos finais de semana. Dezoito! Contados. Um a um. Capitão do mato, pardal, sabiá, bem-te-vi! Sem contar os colibris. E as borboletas azuis e amarelas que rodeavam alegres e belas, o mini-flamboyant vermelho em frente à janela. Aérea pintura. Leve aquarela! 

Outros bichos também moram lá. Donos do pedaço. Um casal de quero-quero que insiste em nos tocar de lado quando atravessamos sua área, bem no meio do caminho que leva à casa. São bravos os danados. Um tanto mal-humorados. Temos sempre que lembrá-los que adquirimos o terreno legalmente. Que eles tem o direito de lá morar se quiserem e nos derem a mínima chance de um convívio pacífico. São tão ariscos!
     
Nos afeiçoamos também a mais dois estranhos bichos. Um saruê feio e meio pelado. Espécie de gambá do mato que dorme largado entre dois ou três galhos da árvore. É tranquilo, gordo e folgado... E um lagarto que cruza lentamente a área verde e segue em direção ao vizinho. Um terreno de mato fechado com arbustos e espinhos. Talvez prefira o solo rude e natural. Denso matagal. Como devia ser o local antes da chegada da minha casinha branca, com pergolado, deck de pedras e cascata artificial! O lagarto passeia por lá, exibindo seus tons marrons de outono. Sabe que não vamos enxotar o legítimo dono...

Tudo nesse paraiso é calmo e reconfortante. Mas no final do ano, por conta do trabalho, não deu pra passar as festas nestas terras verdejantes. Tivemos que ficar na cidade, em clima bem diferente. Espocar de fogos, gritos e gente! Pedidos e desejos evocados ansiosamente. Novos planos. Desafios. Metas exigentes! 

Péra lá! Por que raios alguém que já tem o que precisa, quer mais o que conquistar? Quero é ficar parada. Sentada no meio do jardim. Olhando os passarinhos e o mini-flamboyant vermelho....
Por meses... O ano inteiro...  Quem sabe, milênios...



*                              *                                *                         



Para saber mais sobre o Butão * um país localizado no sudeste da Ásia, ao sul da China. O país é famoso por ser minúsculo, e pela genuína felicidade de seus habitantes. Qual é o segredo deles?...   leia em:
https://www.contioutra.com/10-coisas-que-o-povo-butao-faz-diferente-e-que-faz-dele-o-povo-mais-feliz-mundo/



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quarta-feira, 6 de novembro de 2024

AS VELHAS BOLINHAS AZUIS...


Todo ano é igual. Nunca sei ao certo o dia de montar minha árvore de Natal. Vinte de novembro? Um mês antes? Primeiro de dezembro? Ainda bem que alguém estabeleceu o dia seis de janeiro para o seu desmonte. Aí é moleza. Sem incertezas. Sem muito pensar.  Quanto às bolinhas velhas dos anos que passaram, para mim continuam sendo um dilema. Não consigo me desvencilhar.

Não sou de acumular coisas. Guardar papeizinhos, caixinhas, vidrinhos e coisinhas materiais. Pra ser sincera, nem documentos importantes eu guardo. Muitas vezes, somem e nem dão sinal. Mas com relação às bolinhas de Natal, bate uma coisa, sei lá, sentimental. 

Tenho seis ou sete bolinhas azuis muito descoradas. Desbotadas. Feias de fato. Mas que não consigo desprezar. Todo ano é o mesmo movimento. Armo a árvore. Compro bolinhas novas. Modernosas. Com glitter. Purpurina. Laços de fita. Mas na hora de jogar fora as azuizinhas... Velhas e desbotadinhas. Vem aquele aperto.O coração encolhe, vira bolinha dentro do peito. E me rendo às recordações.

Estiveram em tantos Natais com a gente. Ouviram canções em coros estridentes. Viram nossos olhos brilhando a cada presente. E à meia noite, os abraços mais quentes. Como posso jogar fora por estarem velhinhas e desbotadas? Que santa desalmada!

Um ano até tentei. Coloquei no cesto da lixeira. Mas logo resgatei. Que loucura! Jamais desta maneira.Vou dar para minha mãe. Ela enxerga pouco, quase nada. Não iria se importar com as bolinhas desbotadas. Que nada! Rejeitou de cara. Oras, filha. São tão baratinhas. Troca todas as bolinhas! 

E lá trouxe eu de volta, as bolinhas feinhas e azuizinhas para casa. Este ano, pensei em não colocar na árvore e deixá-las na caixinha. Mas é discriminar do mesmo jeito. O meu dilema continua. E antes que eu tenha que fazer muita terapia... 
Alguém quer ficar com as minhas bolinhas?


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sexta-feira, 1 de novembro de 2024

FINADOS, MAS NÃO!



Olho com ternura e delicadeza as fotos da família espalhadas por sobre o velho piano. Consigo ver o nariz aquilino da avó, na bisneta já crescida. As duas tão lindas! E os olhos verdes da tia avó? O mesmo da prima distante. Preciso visitar urgente aquela gente. Saber se tudo está bem. Quantos filhos eles tem... 

Vejo agora, a testa alta e a calva acentuada do avô, no meu pai. Do meu pai, no meu irmão. Eles não gostam dos sinais. Ficam todos iguais. Avô, neto, filho e pai. Carimbo da geração. Carecas, com muito bom humor...

Paro um pouco mais na foto do meu irmão mais velho. Já foi tão pequeno um dia. Está ali, criança miúda. Roupa de batismo! E que sorriso... 

Ah, as fotos antigas, desfiam um enorme novelo. Tristes e alegres enredos. Importantes e agora, inúteis segredos. Histórias de descendentes imigrantes. Uns sobreviventes. Outros vivos e ausentes. Muitos, já partiram. Mas continuam nas fotos, altivos e sorridentes.

Estranho. A enorme e silenciosa paz que me invade quando olho com saudade as fotos de família sobre o velho piano, agora desafinado. Castigado pelo tempo e pelos dedos cruéis dos bisnetos levados. Sinto nas fotos uma espécie de perdão coletivo. Dos erros cometidos. Dos gestos sem sentido. Das mágoas sufocadas. Que ainda embaçam e deixam mais triste a imagem de alguns personagens. Bobagem! Estão mortos. Eu é que viajo nos parentes idos e suas marcas de passagem. Parecem ainda presentes. Dentro e fora de mim. Numa espécie de tatuagem que salta nas asas dos querubins. 

Minha mãe e seu vestido de noiva com enchimento e tecido de cetim. Meu pai com o filho nos ombros, no jardim. Meu querido irmão que já se foi... Paro nele alguns minutos. A morte não dói. Nas fotos, ninguém mais sente.

A  saudade é que dói... ela é presente.  


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