Era um homem magro. Um metro e noventa. Olhos fundos. A pele enrugada e castigada de sol. Dizia poucas palavras. - Sim, seora! Vou agora.
Fumava e andava com um facão
afiado na cintura. Cortando lenha, mato e tudo aparecesse de ruim pela
frente. Dizem que assim, tinha dado fim a um traidor em Goiás, um tempo atrás. Eu tinha muito medo do seo Abel.
De tarde era tranquilo passear. O sítio tinha três saídas. De um lado, o grotão, com um olho d’água e
árvores grandes que fechavam a paisagem e davam ar de mata sombria. Havia
uma ponte de eucalipto para atravessar. Mas eu não me atrevia. Eu tinha medo de
encontrar o Seo Abel.
Do outro lado, um caminho suave que cruzava a horta e ia dar no lago. Lindo e raso.
E, por fim, a saída principal passando pela casa do seo Abel, onde tinha um poste de madeira e uma fumaça que
saía branca feito um fantasma da pequena chaminé.
Na noite fria de lua cheia eu quis
ouvir o som do silêncio e me encher de brilho e poesia. Sai caminhando pela
horta vazia, passando pelo milharal. Olhei para um lado. Para o outro. E dei dois passos para trás. Esbarrei num ser muito grande, com gravata, calça xadrez e
mangas largas que parecia querer me abraçar.
Tremendo de medo, saí correndo pegando o primeiro atalho. Sem perceber a cara mal feita de abóbora e
os cabelos de milho debulhado, do qual era feito o pobre e velho espantalho!
Enchi o peito e sem qualquer preconceito gritei
no meio da mata escura... - seo Abel, socorro! Seo Abel, me ajuda!
E o rude caseiro de facão na cintura que me metia tanto medo surgiu feito um coiote ligeiro e se embrenhou na mata, me resgatando intacta com um sorriso sem graça.
-Obrigada, seu Abel.
As aparências e o medo, enganam.
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