Não veio o amigo que viria no domingo. Nem o sol
quente como no último verão. Não veio a chuva na secura do nordeste e ficou ainda
mais agreste aquele chão. Não veio o dinheiro emprestado. O aumento esperado.
Não veio nem o cunhado pra final do campeonato.
Parece, às vezes, que a
vida bate uma estaca. Tudo para. Não vem nada. Nem uma ameaça. Nem uma pedra falsa. É aí que o segredo desliza por entre as frestas... Os ciclos da vida!
Às vezes, festa. Às vezes, nada resta. A coisa estanca, desbanca e atola.
Nessa hora, prepara
outro caminho... Convida um novo vizinho, abre um outro vinho. Esquece o e-mail.
Entrega em mãos, um pergaminho. Ousa. Caminha. Espera. Mas, sem muito esperar... Talvez a sorte seja um presente ao persistente. Experimente!
Setecentas e oitenta vezes. Ou dezoito meses. Tente sorrir. É um bom jeito de reagir.
Não veio a encomenda do Sedex? O que veio foi engano? Mude os planos! Não
veio o casamento sonhado. O filho planejado. A promoção do ano? Pro José, veio muito menos. O Bonde não veio.
Não veio a utopia. E tudo acabou. E tudo fugiu. E tudo mofou...
Mas comigo Drummond
se enganou. A esperança, pulsante e viva, veio dentro de mim escondida. É semente pequena e ativa. Verde como a grama que me acalma e me anima. Fiz a casa. Pus comida.
O pássaro ainda não veio. Não ouso buscar. Sei que iria voar.
Preparo apenas o jardim e
o coração. Está tudo pronto. Até mesmo o sonho de vê-lo pousar. Na hora certa...
Ele virá!