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quarta-feira, 27 de julho de 2016

SIMPLES

                                                                          foto arquivo pessoal
 
               Ele podia ter sido engenheiro como seu pai. Ou dentista como sua mãe.
               Poderia ter sido jogador de futebol, modelo fotográfico ou técnico
               de informática. Preferiu ser chefe da delegação de Hóquei no gelo.
              
               Ele poderia ter casado com a Fátima, sua namoradinha de infância
               que se formou em pedagogia. Ou com a Sandra, sua vizinha gostosona
               que arrastava um bonde por ele.
               Ou ainda com a Marizete, ótima em cozinha mineira e carícias sexuais.
              
               Mas preferiu Olenka, uma ucraniana com 3 filhos que mal fala português.
               Nada de calça jeans e camiseta. Nem ternos elegantes. Ele usava chinelos
               e boinas, shorts com polainas, e carregava uma grande mala de pele
               de carneiro que sempre o acompanhava.
 
               Instrumento preferido: oboé. 
               Filmes: os produzidos em Singapura.
               Sexo: terças-feiras de manhã, ao som de Hermeto Pascoal ou Igg Pop.
               Mas foi no dia em que completou exatos 65 anos de idade que ele atravessou
               a rua com passos firmes, entrou na padaria em frente e enfim, radicalizou :
               - Quero algo bem simples. Pão com manteiga, por favor!
              
               Foi preso porque estava nu.


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                 E os ganhadores deste mês do livro infantil "Era Uma vez uma cosinha" foram:
                 Joaquim Ordonez e Monica Ribeiro. Mês que vem tem mais. Escreva "Eu quero"
                 no seu comentário e boa sorte!

quarta-feira, 6 de julho de 2016

EM CIMA DAQUELA PEDRA...


                             
Desce daí, feiticeira!

Minha alma se inquieta quando vejo certas esculturas encravadas na paisagem natural. Mau humor, pode ser... Ou inveja, por não saber moldar um simples boneco em papel machê.  Talvez precise de um olhar mais amigo e cordial. 
 
Aprecio demais a arte dos homens, mas a arte da natureza me parece tão absoluta, que ambas não deviam disputar o mesmo espaço. Uma em cima da outra? Aí dá um choque. Um nó nos olhos. Descompasso.
 
Nada contra a obra, pois o meu conhecimento na área é miudinho e se resume a distinguir os olhos e o nariz de um Aleijadinho e o vigor dos bustos de Rodin. Aos artistas, então, peço meu perdão.
 
É mais pelo local onde foram colocadas. Parecem estar sempre onde não deveriam estar.

Lá no Itararé, em São Vicente, quando olho a pedra da feiticeira, rústica e milenar, cravada na areia e ungida pelo mar, vejo no topo a estátua de ferro grudada com cimenticola, a me torturar. É bonita! Mas, não rola. Não tinha outro lugar?
 
Assim é com o peixe gigante na chegada da cidade de Santos. Mistura bipolar de sentimentos. De um lado, o símbolo da volta, a alegria do retorno ao lar, à beira mar. De outro, a presença angustiante de um peixe fora da água entre vias expressas e carros a buzinar. É lá que deveria estar? Não tinha outro lugar?
 
E as cabeças gigantes da rotatória de Praia Grande... Sinto poder e medo quando as vejo. Parecem ali, em vigília. Mas ficariam melhor em Brasília!

A arte é a maravilhosa expressão dos seres humanos e não deve ficar restrita aos museus. Deve estar integrada ao urbano. Minha cabeça concorda. Meus olhos e o coração, nem sempre.

Imagino um Deus-criador, lá do alto, olhando a estátua colada na pedra e pensando com ironia... 

Tinham que colocar justo aí em cima?


 
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                    EU QUERO!!!! ... e a promoção continua!!! Neste mês mais dois livros infantis
                   "Era uma vez uma coisinha" para sorteio. Escreva  "eu quero" no seu comentário
                    no blog e boa sorte!
 

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