Uma grande família, em fila e muito comportada, atravessava
a pista de asfalto da perigosa estrada. O motorista se desculpou da
brusca frenagem mostrando a placa: - Pare para as capivaras!
Antigas habitantes de Itaipu, as
capivaras foram despejadas do local durante a obra da usina monumental. Uma
gigantesca manobra para desviar o rio que feriu gente e desinstalou centenas de
espécies e animais silvestres.
Hoje, as poucas capivaras que sobraram
são prioridade. Quase santidade. Uma espécie de reparação tardia. Os
bichos pacíficos parecem sempre lembrar do triste desfecho familiar e passam
altivos pela estrada que já foi sua casa, agora sem medo. Às vezes param para
um descanso ou um clique de algum turista no meio do passeio. Sem constrangimento.
Terminada a travessia dos bichos,
seguimos até o destino, a Usina de Itaipu. Buracos feitos por tatus, de aço. Imensos. Dentados. Detonadores, tratores e explosões a todo tempo.
Milhares de ajudantes, engenheiros, pedreiros e boias-frias unidos pela coragem e o cansaço dos intermináveis dias.
Assim as barragens foram erguidas. Usina construída. Abastecendo o país. Não mais abrigavam os animais gentis.
O espetáculo das luzes às sextas feiras
para os visitantes de Itaipu é poderoso. Pouco a pouco, cada ponto da barragem é
iluminada, ao som de uma música forte e orquestrada.
Os motores da usina estavam desligados no dia de nossa visita. Maior seria o impacto se estivessem jorrando os milhões de litros de água. A plateia aplaudiu no final, energizada, diante da tecnologia apresentada.
A usina gigante iluminada deixou nossas sensações mega ativadas.
Voltei impressionada. Mas nada, nada se
comparou...
à travessia tranquila... das mansas capivaras.
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