Tá cheio de ingá. E ninguém pra catá!
No final do verão, os canais de Santos ficam forrados de
ingás espalhados pelo chão. Caídos e macerados. Ninguém apanha com a mão. Nem
as crianças recolhem do chão.
Já experimentei muitas frutas de sabores exóticos e diferentes. O azedo tamarindo, a leve lichia, o cajá, a pitaya com pintinhas. Nos supermercados gourmets, comprei mexerica em
gomos e bacias de kinkan.
Encontro sempre uma fruta nova para experimentar. Algumas moles por dentro e de casca enrugada e escura. Em outras, encontro mais beleza que doçura. Experimento sem frescura. Como até o fim. Feito o ingá, que eu sempre abaixo
pra catar! Fruta natural. Caída do pé. No meio do canal. Longe de ser uma
delícia, tem um sabor especial. Sabor simples de natureza.
Em janeiro os ingazeiros sorriem carregados. Se fossem árvores de pitangas ou
amoras, não estariam assim livres no canal agora. Seus galhos teriam entortado com gente subindo pelos lados. E se fossem frutos ainda mais cobiçados? Ameixas ou cerejas lindas? Ia dar briga.
Deixemos assim. O ingazeiro quieto e feliz. Não é famoso. Nem suculento. É
como Deus quis. Como gente genuína e singela. Pra
que extrema beleza? Nobreza? Jóias de princesa?
Viva a leveza de sermos como os ingás. Simples e felizes. Junto dos amigos. Produzindo
frutos. Criando raízes. Sem muita grife.
E sem muita cobiça!
E sem muita cobiça!
Canal 1 de Santos
Simplicidade.. muito bem explicada...sempre de uma maneira tão poética.
ResponderExcluirO ingá é uma das frutas que me remete aos tempos de criança. No quintal da casa onde eu morava tinha uma árvores dessas e nunca tratei como fruta de baixa categoria como você insinua, muito pelo contrário. Nunca trocaria um singelo ingá por um pêssego ou uma nobre cereja. Talvez porque eu tenha um paladar simples, como esses gomos de ingás que ficam jogados pelo chão, mas que merecem ser tratados com respeito.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirCaro Joaquim... falo em simplicidade, apenas... nunca menor categoria... Tanto respeito, que quero ser como os ingás.. simples! sem tanta exposição...
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