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sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

VAI UM INGÁ, AÍ?


Tá cheio de ingá. E ninguém pra catá!
No final do verão, os canais de Santos ficam forrados de ingás espalhados pelo chão. Caídos e macerados. Ninguém apanha com a mão. Nem as crianças recolhem do chão.
Já experimentei muitas frutas de sabores exóticos e diferentes. O azedo tamarindo, a leve lichia, o cajá, a pitaya com pintinhas. Nos supermercados gourmets, comprei mexerica em gomos e bacias de kinkan.
Encontro sempre uma fruta nova para experimentar. Algumas moles por dentro e de casca enrugada e escura. Em outras, encontro mais beleza que doçura. Experimento sem frescura. Como até o fim. Feito o ingá, que eu sempre abaixo pra catar! Fruta natural. Caída do pé. No meio do canal. Longe de ser uma delícia, tem um sabor especial. Sabor simples de natureza.
Em janeiro os ingazeiros sorriem  carregados. Se fossem árvores de pitangas ou amoras, não estariam assim livres no canal agora. Seus galhos teriam entortado com gente subindo pelos lados. E se fossem frutos ainda mais cobiçados? Ameixas ou cerejas lindas? Ia dar briga. 
Deixemos assim. O ingazeiro quieto e feliz. Não é famoso. Nem suculento. É como Deus quis. Como gente genuína e singela. Pra que extrema beleza? Nobreza? Jóias de princesa?
Viva a leveza de sermos como os ingás. Simples e felizes. Junto dos amigos. Produzindo frutos. Criando raízes. Sem muita grife. 
E sem muita cobiça!


                            Canal 1 de Santos  



                                     

4 comentários:

  1. Simplicidade.. muito bem explicada...sempre de uma maneira tão poética.

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  2. O ingá é uma das frutas que me remete aos tempos de criança. No quintal da casa onde eu morava tinha uma árvores dessas e nunca tratei como fruta de baixa categoria como você insinua, muito pelo contrário. Nunca trocaria um singelo ingá por um pêssego ou uma nobre cereja. Talvez porque eu tenha um paladar simples, como esses gomos de ingás que ficam jogados pelo chão, mas que merecem ser tratados com respeito.

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Caro Joaquim... falo em simplicidade, apenas... nunca menor categoria... Tanto respeito, que quero ser como os ingás.. simples! sem tanta exposição...

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