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quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

PEDACINHOS DE CHÃO...



Restaram em mim caquinhos da infância.                                  
Alguns pisos estão firmes e bem rejuntados na minha memória. Os chãos mais novos e  principalmente os acarpetados foram carcomidos ou sumiram com o tempo. 
Mas o chão de cacos vermelhos, esse continua inesquecível. Lembro dele nos quintais e áreas de serviço. Ainda encontro nas casas dos bairros mais antigos. Combina com casinhas de cachorro e vasos com renda portuguesa espalhados pelos cantos. Eu brincava tanto.

Cacos de azulejos brancos, beges e azulados também eram muito utilizados. Pontudos, irregulares e misturados. Eram mais baratos que as peças inteiras e melhores que cimento para se ter no chão. Mas também tiravam nossa pele ao menor escorregão.

Nas casas de praia, eu recordo dos chãos gelados de pedra ardósia. Verde escura ou cinza chumbo. Enceradas com uma cera brilhante e no centro, um tapete artesanal de barbante. O chão com frescor matinal. Coisas de praia, sandália, sol e sal. Ardósia é nome bonito. Parece flor. Ou doce com creme de leve sabor.

Os chãos foram mudando com o passar do tempo. Cada um com seu momento. Nós, os bichinhos de apartamento, acostumamos com os carpetes peludos. Lembro do meu quarto com carpete cor de ouro e outro, rosa melancia. Eram aconchegantes. Rolávamos noite e dia.  Entre espirros e alergias.

Vieram os carpetes de madeira e o toque-toque dos saltinhos esfuracando o chão.  Hoje, os azulejos modernos imitam madeira, pedra, até os antigos ladrilhos portugueses. Reproduzem perfeitamente. Mas não tem marcas nem barulhos de memória. Só presente. Não se reproduz
 a poesia dos pisos de antigamente.

Quando comprei a minha primeira casinha, pequena e de acabamento antigo, o piso me virou a cabeça. O antigo dono colocou pastilhas de parede, brancas e verdes, por todo o chão. Eram pequenas e quadradinhas, usadas geralmente na frente dos prédios. 

Ótica estranha. Perigo iminente. Eu era uma espécie de mulher aranha, andando pelas paredes, torta e sem direção.
Deu três meses e troquei o piso. Meti um porcelanato branco de agradável visão. 
Não é bom perder o chão!               

                                        
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5 comentários:

  1. Engraçado.. para.mim tb pisos de moradia ficaram em minha memória..
    Cimento liso q recebia cera para ficar vermelho , como se usava..
    Quintal de caquinhos coloridos,q eu adorava e q c/ certeza eram mais baratos.
    Carpetes grossos e macios, adorava, mas dp foram execrados e ficaram fora de moda.
    Todos me lembram várias fases e tenho saudades de todas..

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  2. Esses cacos vermelhos mereceram diversas crônicas, tal a persistência de sua imagem na memória dos paulistanos, principalmente. O que começou com um funcionário que solicitou os refugos da empresa, acabou virando febre. Eventualmente este piso chegou a ser mais caro que aquele feito de peças inteiras.

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    1. Que maravilha suas informações, Chamedwek... se puder, deixe nos links de matérias relacionadas. Realmente interessante e mágico esse piso paulistano... Obrigada por participar!

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  3. Oi Inęs, ė a Rosane
    Interessantīssimo escrever uma crônica sobre pisos de antigamente...Pensar neles nos leva a uma viajem no tempo...
    Atė os 10 anos de idade morei numa casa no Tatuapė que tinha o quintal revestido com caquinhos de ceræmica vermelha. 52 anos atrás!!!! Minha māe encerava uma vez por semana e eu passava enceradeira pra dar brilho.Serå que alguėm nascido neste milênio sabe que isso era um eletrodomėstico muito popular?
    Bjs

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  4. Oi, querida, Rosane... Estes tais caquinhos vermelhos residem na nossa imaginação .. e como disse o leitor no comentário acima... eles foram tão bem aceitos, que se tornaram mais caros que as peças inteiras.... Mas já faz um bom tempo, não é? Eu acho que nenhum jovem sabe mais o que é "enceradeira"... mas eram lindas... algumas de aluminio cromado ... lembro bem! Agora... só em antiquário! beijos e obrigada por estar aqui no Blog... Se quiser seguir.. é só clicar lá no alto da página! ( seguidores) vou amar....

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