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quarta-feira, 19 de junho de 2019

A CAIXA FALANTE!


Ela era falante. De óculos e simpática. Mais muito falante. Vai nota paulista? CPF na nota? Pode ser... Comecei a passar minhas compras na caixa do supermercado quase vazio, sem muita pressa. Nenhum tipo de stress. Uma comprinha pequena, apenas.

O primeiro pacote foi o de tomates... Nossa, que caro! Ela reagiu arregalando o olho! Quase dez reais! Eu não levo não. Compro molho pronto. Ou faço um ovo. O pessoal lá em casa come o que está mais barato. Pois é, de fato, continuei passando as compras achando a conversa engraçada... Banana. Pimentão. Alcaparras. E um quilo de camarão. 

Foi quando ela se indignou... Você come isso aqui? Sim! Adoro camarão. Não sabe que ele come defunto? Nessa altura, me veio a mente não apenas os peixes mortos e já apodrecidos do fundo do mar, mas pessoas e animais maiores em decomposição. Uma espécie de rio Ganges com seus mórbidos rituais. Dei um sorriso amarelo dizendo que em parte ela estava certa, mas que iria levar do mesmo jeito os bichinhos nojentos e que limparia bem suas entranhas. 

Na sequência, passei cinco litros de água mineral, certa de que ela não daria nenhum parecer. Que nada... Você sabia que fizeram uma análise e que as águas engarrafadas estão contaminadas? Cheia de bactérias? E a da torneira, nem se fala.... 

Nessa hora, já impaciente, comecei a acelerar as compras, quase desistindo de tudo e com certa irritação, aceitando que talvez, no fundo ela tivesse um pouco de razão. Perguntei... Você então não bebe água? O que faz quando tem sede? Ela colocou a mão na boca como quem revelasse um grande segredo e disse radiante... faz cinco anos que não bebo água. Quando estou com muita sede, tomo um refrigerante! 

Saí de lá confusa, porém aliviada. Às vezes, os malucos quase vencem e nos convencem!



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terça-feira, 11 de junho de 2019

NÃO SE PODE VOLTAR...


Tirei as férias para visitar antigos lugares. Aqueles que frequentei na minha infância. A casa onde morei. A escola onde estudei. Bares e restaurantes que ficaram na minha memória. Com seus menus inesquecíveis e doces sabores que não reencontrei jamais.

Amargo engano! Ninguém volta ao mesmo lugar. O tempo e as águas do rio não param de passar... Mudamos nós. O entorno mudou. A casa reformou. Melhorou? Deteriorou? O tempo passou. Nada mais se encaixa naquela lembrança imersa em carinhos e apreço. Resta, o endereço.  

O primeiro impacto foi rever a casinha onde eu morava. Tão menor do que imaginava! Ou eu, pequena demais, para as paredes e portas gigantes. Eu subia e descia maluca e alpinista, nos batentes e nas estantes. Achei a casinha tão descorada. Cinza. Mal pintada. Sem flores na entrada. Numa avenida enorme. Tão diferente... Cadê a terra batida? A garotada atrevida? Brincando com os pés imundos? Só carros passando, pisando fundo. Procurei uma mãe. Uma cachorra. Uma vizinha. Bati palmas. Ninguém vinha. Em nada parecia a casa onde eu vivia. 

A seguir, fui ao colégio. Quase não encontro. Muro alto. Portão alto. Medo de assalto! E o colégio envelhecido, lá dentro. Estadual, se desfazendo. O recreio acontecendo... Pedi pra entrar. Não tinha o bedel. Nem o passa anel. Nem a velha cantina. Salas sem giz. Quadra vazia... Saí dali como se eu nunca tivesse entrado. Tentando me reencontrar. 

Sigo para tomar um bom vinho num daqueles restaurantes antigos, sentir no mosto, o gosto do passado e quem sabe, rever velhos amigos. E não havia mais nenhum... - O bar do Silvio, fechou? - Faz uns trinta anos, o velhinho avisou... E os salames e provolones despencaram das prateleiras da alma sobre mim. Pesados como a dura realidade. 
Não dá mais pra voltar ao mesmo lugar... Voltemos para o sonho. Lá, esses lugares mágicos, intactos, ainda tem de estar!


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Meu primeiro colégio "Eduardo Prado"...   
                                                                                       foto 2018
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terça-feira, 4 de junho de 2019

SANTA CLARA, URGENTE!

Foi uma das mais terríveis. De bater todas as portas. Soltar telhas. Derrubar marquises... Tempestade com vento forte, raio e trovão! Fui fechando as janelas e olhando pelas frestas as árvores gigantes, varridas feito frágeis hortências, deitadas no chão! 

O vento raivoso entrava veloz no corredor da rua trazendo areia, pedriscos, fagulhas... Revirando as folhas e formando redemoinhos, numa espécie de mini tornado em desalinho. Foi um vendaval? Um tufão? Um furacão? Deu um medo danado. Mas que raios! Cena igual a essa, nunca tinha presenciado. 

Talvez seja o efeito estufa. O buraco no ozônio. O degelo. A poluição... Talvez tudo somado e tenhamos que conviver, tristes e conformados, com essas novas tempestades com doses de violência e destruição. Colhemos a fúria. Merecemos a braveza, de quem nos acolheu com flores, frutos, água e beleza. Perdão, mãe natureza! 

Duas horas depois. O medo acabou. A luz voltou. Só o caos restou. Desço do elevador e encontro o pequeno Guilherme, com sua mãe, todo orgulhoso... Enfrentei sem medo a tempestade! - Que valente! Jura que não chorou? Não rezou? Nem pediu ajuda a Deus?  

Guilherme então tirou do bolso o celular e no whatsapp mostrou a foto de Santa Clara que a mãe lhe mandou... -Fiquei olhando o tempo todo. E confessou: Foi ela que me ajudou! 
Santo Deus! Também a nossa fé, se informatizou! 


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