Ondas grandes bateram nas muretas da praia explodindo em nuvens brancas de água e espuma na noite escura. O mar em fúria. Mistura de medo e contemplação. O mundo das águas revirado A dor dos estragos...
A última ressaca da Ponta da Praia foi violenta. Invadiu a avenida. Inundou as garagens, arrastando carros e quebrando amarras, muros e previsões. Trouxe medo, rejeitos, destruições. Arrebentou as sentinelas. Medindo forças com a Terra.
Certos finais de ciclo em nossas vidas também nos deixam à deriva. Ondas de acontecimentos que vem do nada, arrastando, quase afogando e nos jogando contra os muros duros. Soltamos as rédeas em meio ao turbilhão. Sem bússola nas mãos. Apenas o pobre e desorientado coração.
* * * * Olhei o pequeno barco de nome “Gênesis” que apareceu do nada. Saiu do cais e parou no caos. Sem cordas e sem rumo. Jogado de um lado para o outro encontrou a mureta até destroçar. Pedaços de tábuas ao lado. Gravetos espalhados no mar. A imagem da ressaca amanhecida ficou gravada nas minhas retinas. Fotografei a nau ferida.
Certos finais de ciclo em nossas vidas também nos deixam à deriva. Ondas de acontecimentos que vem do nada, arrastando, quase afogando e nos jogando contra os muros duros. Soltamos as rédeas em meio ao turbilhão. Sem bússola nas mãos. Apenas o pobre e desorientado coração.
E vem o cantar... durante o nevoeiro, o velho marinheiro leva o barco devagar. Mas na fúria dos mares, não há muito tempo para pensar. O barquinho seguiu sem comando. Corpo e alma sacolejando. Gênesis em agonia, no apocalipse de cada dia. Sem saber aonde parar...
No final, a bonança. No horizonte da nova manhã surge um sol tímido e uma nesga de esperança.
Que ressaca foi essa, meu Deus? Meu corpo ainda balança...
Foto : Barco Genesis /Ponta da Praia
Nenhum comentário:
Postar um comentário