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terça-feira, 28 de maio de 2019

A VOLTA DO TREM DEL REI...

              
Trinta por hora. Era a velocidade máxima da Maria Fumaça que ia de Tiradentes à São João Del Rei. Repleta de turistas e seus celulares. E uma cordialidade exagerada, própria das viagens compartilhadas. 

A estrada era bucólica. Vaquinhas aqui e ali, espalhadas pelo pasto verdinho das fazendas e o chacoalho vagaroso dos vagões davam um ritmo sonolento ao belo e calmo passeio.

Pra falar a verdade, um certo tédio chegava de fininho, bem mineirinho durante o trajeto. Até que o trem finalmente chegou ao seu destino.

Foi breve a nossa visita a bela São João Del Rei, com paradas no museu, Igreja, cemitério ao lado, fotos no banco com a estátua de Tancredo sentado e um calórico almoço caseiro, com tutu, couve mineira e feijão tropeiro. Terminamos com boa cachaça na última gastronômica atração da praça.

Subimos novamente na Maria Fumaça. Dali pra frente, só trilhos e dormentes, até chegar na estação final em Tiradentes que terminava numa porção pequena de terra.

Os turistas desceram falantes na estação com seus celulares a mão para registrar a rústica exibição. Cinco operários, fortes e sincronizados, começaram o pesado exercício diário. Girar em 180 graus, sob um circulo de trilhos, a grande locomotiva que puxava os vagões. O giro do trem foi um grande espetáculo. Arcaico. Mágico. Fantástico.

Terminado o movimento de inversão, o trem ficou mais uma vez no sentido de Tiradentes. 

Minha cabeça viajou naquele vaivém... Não era o vaivém grande e conhecido das ondas. Era o vaivém curtinho do trem. O vaivém da vida! Quando não temos mais saída. Nem trilhos pra seguir em frente.                          

Ah, se a gente pudesse virar com toda força nossa velha locomotiva e fazer a viagem de volta, lentamente, olhando tudo que foi deixado distraidamente pelo caminho.

E chegando no ponto de partida, pudéssemos comprar um outro bilhete. Embarcar novamente. De carro, táxi, avião, não sei bem. Algo que saísse dos trilhos. 

E nos levasse para mais além...

 

*                  *                   *                            
                    

5 comentários:

  1. Nossa, que vontade de retornar e refazer o caminho da "minha" locomotiva!

    Parabéns pelo texto, atiçou minha imaginação!

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  2. Obrigada Carlos,pela presença constante no blog!

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  3. Não andava de trem desde a minha infância e voltei no tempo com o passeio nessa velha e saudosa Maria Fumaça. Bonde, trólebus e VLT não são trens de verdade. Não têm aquele sacolejo característico de quem navega sobre os trilhos. Não têm aquele barulho compassado e sonolento dos vagões que deslizam lentamente nas linhas férreas. Não têm cenários de beleza natural que se renovam no percurso entre campos, relvas, fazendas e casinhas com flores na varanda habitadas por gente humilde, mas feliz. Trem é trem e nada o substitui. E que trem bão é esse da linha Tiradentes-São João Del Rei que me fez recordar de uma fase feliz da minha vida. Uma delícia de passeio, né mesmo, vizinha?

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