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quarta-feira, 22 de maio de 2019

MEMÓRIAS DE PAPEL...


Dizem que os franceses carregam os pães debaixo do braço... Por costume ou tradição. Também não são chegados a banhos diários. Povo excêntrico e perfumado, esse que vive na bela Paris! No Brasil, levamos os pães em saquinhos. Com cuidado e carinho.  

Lembro quando minha diária tarefa de filha era buscar o pão, às cinco da tarde, pro lanche da família. Os pãezinhos vinham naquele saquinho clássico, marrom pardo, que resiste até hoje nas padarias. Papel grosso, que amassa fácil. Excelente para escrever músicas e poesias que surgem de repente...

A bengala, quente e estalando, vinha enrolada num papel de cor rosa. Que mais tarde foi substituído por um vegetal, meio transparente. Parecido com o papel que envolvia as barrinhas de chocolate, porém mais resistente. Ah, as sedas dos chocolates. Era uma emoção abrir o lingote de “Diamante Negro” e desfolhar o papel que o envolvia, em cima da tirinha de papelão. E os ovos de páscoa, guardados em  pedacinhos, num papel alumínio todo amassado para serem devorados... aos pouquinhos? 

São os papéis da minha memória. Que voltam, às vezes, no trem das cores da minha imaginação. Como o papel azul que envolvia a maçã, perpetuado na canção... Eu adorava os papeizinhos que sobravam na mesa, quando eu arrancava com força e destreza, uma folha inteira do caderno espiral... Pedaços iguais a um quebra-cabeça. Que não se juntavam mais. Os papéis eram provas de vida. Escritas com tinta. Páginas que ficaram para trás... 

E papéis embalavam também os alimentos. Antes de serem engolidos pelas embalagens flip. Mais herméticas e modernas. Papel, já era. Mas para o peixe fresco, dentro de um plástico com gelo? Só mesmo enrolado num jornal! 
Isso continua igual... 

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