Preciso, urgente, de um tantinho de paz. Uma paz
quietinha. Miudinha. Num lago meio choroso. Com um banquinho branquinho para me
sentar em abandono.
De criança eu buscava as pedras
mais roliças e chatas. Alçava o braço para trás e lançava. O golpe ia rente à
água e a pedra seguia ligeira, pulando na superfície. Uma, duas, três vezes,
quicando. Pai, mãe, filho e filhas! O lago aos poucos ia se agitando.
Menina maluquinha, eu voltava e lançava novas pedrinhas para formar a grande família. Nunca conseguia. A
cortina de água inerte e calma do lago respondia com ondas pequenas. Círculos
que saiam do ponto do contato e se estendiam em grupo de ondas suaves até a borda final. Logo o lago
voltava ao seu estado pacífico natural.
Sinto falta da criança pedra-saltitante
que eu era. Um certo cansaço me alcança. Os homens e as fortes pedradas da caminhada criaram ondas
gigantes em minha alma. A violência nos ronda. O mundo, às vésperas de alguma guerra tonta. O tempo e a chuva deslizando pelas frestas. A Terra reclama. Caem gelos e perigosas pedras.
Achei enfim o banquinho. Branquinho, no lago calmo perdido no meio do mato. Sentei sem nada nas mãos. É curto o meu tempo e urgente o meu amor.
Olhei as árvores e o céu quietos e cúmplices da minha paz. O manto da noite desceu com um ar de conclusão. Tudo seguiu calmo, só as cigarras entoavam uma canção.
Si si si si... silêncio.
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A brincadeira de quicar pedras na água é levada a
sério por muita gente. O stone
skipping tem até uma associação norte-americana e recorde
mundial reconhecido pelo Guinness Book... 88 pulos!
https://gizmodo.uol.com.br/pedra-quica-88-vezes-na-agua/
Muito linda essa crônica! 👏
ResponderExcluirObrigada por visitar o blog!
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