No meio de tudo. No lugar mais fundo. Num canto do
mundo. Eu sentava junto à janela numa poltrona velha, com uns livros sem muito
interesse pra ler...
A menina dos olhos de interrogação chegou do nada.
Parou na minha frente, me olhando fixamente, com ar de preocupação...
O que você quer? Ela não respondeu.
De certo reparou meus cabelos grisalhos mal pintados. Meus óculos desaprumados. Há tempos tenho que ajeitá-los. Deve me achar velha, sessenta e poucos anos, meio matusquela, largada em pensamentos numa casa ainda caiada. Deve estar aqui para alguma empreitada...
Quer alguma coisa, menina?
De certo ela gosta de bolos de nozes, sorvetes,
pudins... Eu não tenho feito estas bobagens. Ando comendo coisas ruins. Sem sabor,
Nada de mel, pimenta ou sal. Não tenho delícias, não faz mal? A menina olhou
sem reagir.
Quer ler comigo? Tenho estes livros repetidos. Os
melhores emprestei ou devo ter perdido. Quer um copo d’água sem gelo? Isso
ainda tenho para sobreviver...
Quer então um bom conselho ?
Cuide do joelho. A idade chega. E depois dos
quarenta, evite o espelho. Todo dia ele assusta. O que não se diz, vira ruga. Mágoa,
doença aguda.
A menina dos olhos de interrogação se aproximou...
Você quer é saber de mim? Seu olhar se abrilhantou.
Ando sonolenta, aborrecida. Já fui mais leve e atrevida
na infância. Mas tenho ainda uma carinha de esperança lá no fundo que me lembra
tanto você...
Quer me dar a mão, sair de casa e brincar no
jardim?
A menina enfim sorriu, e correu novamente... pra dentro
de mim!
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OBRIGADA PELA COMPANHIA NO BLOGUE!
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