Eu andava dentro da nuvem branca. Feito
criança. Ou anjo descuidado que caiu em endereço errado. Nuvem densa. Espalhada por toda a praia. Nada comum. E de uma beleza rara.
Com os pés descalços caminhei contemplando a estranha paisagem. A névoa, sua densidade. A cega e inesperada viagem. Nada se via. Nem a fileira de prédios a rodear. Nem os navios em alto mar. Só neblina na atmosfera. Nos olhos, nas narinas, na cara. Uma espécie de “fog” caiçara.
Tudo que se via era uns dez ou doze metros à frente, quando de repente aparecia gente. Uma mulher sozinha sorria, passava e sumia. Depois, uma menina. Uma mãe com criança. Um pescador. Um adolescente. Tipos diferentes. Seguiam e sumiam também. Atrás e na frente. Curiosos com a surpresa daquela manhã diferente que veio para nos questionar. O que vem agora? Será que demora? Quanto tempo vai durar?
Tudo que se via era uns dez ou doze metros à frente, quando de repente aparecia gente. Uma mulher sozinha sorria, passava e sumia. Depois, uma menina. Uma mãe com criança. Um pescador. Um adolescente. Tipos diferentes. Seguiam e sumiam também. Atrás e na frente. Curiosos com a surpresa daquela manhã diferente que veio para nos questionar. O que vem agora? Será que demora? Quanto tempo vai durar?
A fumaça roliça e densa foi se dissipando. Aos poucos, desaparecendo. As coisas belas e intactas foram lentamente reaparecendo. Tudo no seu devido lugar. Já se via a Ilha Porchat. Os prédios, cada vez mais altos a nos circundar. Os navios ancorados no mar.
A vida, às vezes é uma nuvem branca. Estamos dentro dela. Não sabemos o quem vem. Quem chega. Quem vai. Quem termina com quem. Alguns passam ligeiros. Outros, chegam e nos metem medo. Uns caminham ao lado, compartilhando cada momento. Os amigos do peito...
E muitas vezes cegamos. Não vemos mais nada. Até que o sol volte a aquecer e dissipe a névoa nos mostrando novamente a estrada...
Achei que encontraria anjos naquela nuvem. Parentes. Amigos incríveis que já
se foram. Mas estes devem estar em outras esferas. Mais altas e distantes aqui da Terra.
Só uma andorinha confusa apareceu na areia, atendeu meu pedido e
depois para o céu voltou.
Por favor, manda um beijo pra mamãe, pro meu pai... E não esquece do vovô!
Foto da amiga de caminhada... Célia Loriggio
VEJA NO NO FACEBOOK, TODAS AS FOTOS
DA SESSÃO DE AUTÓGRAFOS DO LIVRO "INESPLICANDO"
NA BIENAL DO RIO DE JANEIRO!
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Tb acho q a vida parece com esse nevoeiro q vc presenciou.
ResponderExcluirVc está no meio do nada, nada enxerga, mas com certeza logo aparece alguma coisa concreta e familiar pra tudo voltar ao normal.
Adorei
Lindo texto!
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