A fila de idosos era imensa na loja de departamentos. Só mulheres. Ruidosas e em pé, na longa e lenta fileira. Os homens idosos, na certa, deveriam estar em filas de bancos, INSS, lotéricas... Eu estava a dois passos delas e um pouco mais distante, na faixa etária. Apoiada em um pequeno balcão à
espera da gerente que demorava horas. Foi inevitável ouvir a conversa de duas senhoras...
A primeira, mais arqueada e entristecida.
A outra, falante e jovial. Ambas davam sugestões de como passar o tempo. Sem
solidão, nem baixo astral. - Eu pago uma
loja a cada semana! Uma numa esquina. Outra, a três quarteirões do Centro. Eu me divirto desse jeito. Não posso andar muito tempo, disse a mais
tristonha.
Olha só minha perna, a idosa mais alegre falou mostrando no
meio da fila e sem receio, uma cicatriz no joelho. Não me
importo não. Não paro em casa. Em vez de remédio, eu tomo é ônibus! Vivo
viajando. Ontem fui até Peruíbe. De graça. Chego lá e dou uma volta na praça.
Tomo um cafezinho. Quatro Reais, no máximo! Mas tem que fazer uma coisa.... e deu
o roteiro completo... saio do Centro e vou até Tude Bastos. De lá, tomo o ônibus pra Peruíbe. Não pago
passagem. Não é vantagem?
É muito longe, a outra replicou. E o que é
que tem? O ônibus leva, meu bem. A gente vai de carona, sentadinha na poltrona. Dando uma larga risada... amanhã vou até Mongaguá. Cada dia um lugar. E já caminhando para o caixa, aconselhou a alegre senhora. -Aprende agora: tá com dor? Viaja,
que melhora!
A fila andou. Sai da loja. Pensando
nas mulheres que em maioria vivem mais que os seus parceiros... Geralmente
sós e sem muito dinheiro. Acho que farei como a segunda senhora. Tomarei mais ônibus que remédios. Visitarei lugares e conversarei com todos nas ruas e praças...
Até a viagem final, aquela que não tem volta. Mas como acho que ainda tenho um certo tempo. Vou conhecer o litoral inteiro. Logo, logo... e de graça!
Até a viagem final, aquela que não tem volta. Mas como acho que ainda tenho um certo tempo. Vou conhecer o litoral inteiro. Logo, logo... e de graça!
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Inês Bari
ResponderExcluirAdoro suas crônicas.. sempre observando a natureza humana com tanta delicadeza e sensibilidade...
Está convidada pra viagem... vamos?
ExcluirUaaaau, receita de bem viver! Adorei! Parabéns! Beijos! 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻😘🌹
ResponderExcluirMaravilhosa essa idéia! Só seguir agora! Beijos!
ResponderExcluirPara segir-se feliz não é necessário ir para Duney.Sinto que não é seguro se sentir feliz apenas por atingimento de metas.Acho melho é ser feliz por nada.
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