Um buraco gigante na terra. Uma fissura. Imensa caverna cheia de água e úmida atmosfera... Não dá pra descrever ao certo. Foi uma experiência mística e única, conhecer as furnas! Até então, para mim, apenas o nome de uma
hidroelétrica em Minas Gerais. Tudo era bem mais.
As furnas são imensas. Profundas. Extensas. Mexem com a nossa alma, o nosso interior. Diferente dos arenitos, formações rochosas que pela ação da chuva e do vento, formaram gigantescas figuras como a taça, a garrafa e outras esculturas naturais que lembram animais. Contando, claro, com uma imaginação bem generosa... Tudo está por perto, no belíssimo Parque Vila Velha, que respira ares medievais, na cidade de Ponta
Grossa.
As furnas são imensas. Impressionam pela beleza e profundeza. De um
lado, a vegetação radiante, onde o sol alcança, trazendo um verde vivo, dando margem à vida e à esperança. Do outro lado, umidade e escuridão. Cinza de solidão. E o barulho intermitente dos pingos de água que soam feito cristal, ditando um ritmo de melancolia, e o frescor natural.
São cinquenta e três
metros de profundidade. Somente os biólogos descem lá com rapel, penetrando nessa espécie de templo. Quem
viveria lá dentro? Além das algas e fungos? Quem se adaptou àquelas
circunstâncias? E vive ali, isolado das diferentes formas de vida e convívio do nosso mundo?
Os
andorinhões-de-coleira-falha são pássaros ousados que colocam seus ovos nas paredes e são vistos na
paisagem. Mas são os lambaris que vivem lá de verdade!
Vivem lá. Moram lá. Uma espécie
que conseguiu se adaptar à caverna mudando suas nadadeiras... São os lambaris das furnas! Espécie pouco conhecida. Endêmica. Esquisita.
Fico imaginando, se pudessem sair das furnas e conhecer grandes lagos ou mares abertos... Alguns, certamente nadariam velozes, livres e felizes, no novo e imenso universo.
Fico imaginando, se pudessem sair das furnas e conhecer grandes lagos ou mares abertos... Alguns, certamente nadariam velozes, livres e felizes, no novo e imenso universo.
Outros, talvez, continuariam reclusos, porém seguros. Isolados na sua furna profunda. Adaptados e sós. Como alguns de nós...
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Bela cronica. Me fez pensar sobre nossas fissuras interiores, nossas cavernas, e os lambaris que somos. Como sair e nadar em mar aberto. Quantos desafios! Gratidão Inês pela provocação.
ResponderExcluirObrigada Washington... O oceano, aberto, nos espera...
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