O colégio tinha um pátio grande e uma palmeira imponente no meio. Eu corria para ela no
recreio. Lanche na mão e a alegria de sentar ao sol no quadrado de terra descoberto
olhando o céu aberto. O sol a pino. Eu sem teto.
Os anos adultos e duros vieram. O tom pálido diário do trabalho. Dias de escritório. Os pais mais velhos recolhidos em seus apartamentos de escuras cortinas. Junto
deles, minha rotina cuidadora de filha. Nas pausas eu corria até a praia e
deitava na areia. Esteira em frente ao mar para ver o por do sol e minha alma úmida secar. Alguns minutos bastavam para o amor de novo me ensolarar.
Os
colibris saem de manhã com um mínimo de energia. Precisam achar rapidamente comida
para ganhar simplesmente a vida. Batem asas num movimento absurdo, oitenta
vezes por segundo. De flor em flor vertendo a energia para sobreviver a cada dia.
Vivem no limite.
Um mini-colibri minúsculo é o único que descansa profundo. Tão pequenino, ele se deita numa folha e hiberna por poucos segundos. Depois volta ao mundo.
Olhei ele na foto deitadinho. E me vi na folha, num dia frio... naquele meu quintal quentinho.
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