Demorei um tempão na confecção. Cada foto tinha um porquê. Um coração na revista. Um anúncio de tintas. Um ator de tevê. Os posters maiores em destaque. Fotos de cantores pops em coloridos almanaques. Capas de LPs.
A parede da casa, com muitas ressalvas, era a mãe
que doava para a obra artística com ares amadores e quase sempre inacabada.
Geralmente num quartinho escondido. Às vezes, a parede do próprio quarto, para privilegiados.
O melhor amigo ou amiga vinha ajudar nos
recortes. Revistas da moda. Contigo, Carícia, Pop, Placar, Quatro rodas... Valia
adesivo, selo, receitas, envelopes. Tamanhos diferentes, para não deixar careta
a composição paredesca anos oitenta. Toda colorida, com letras distorcidas. Figuras do
rock, cabelos enormes, blazers com ombreiras. Excessiva e psicodélica pintura.
Muito de inocência querendo ser loucura.
A cola branca diluída em água fria fazia a
pasmaçada. O pincel era qualquer um de tinta que a gente encontrava. Cada
figura colada, um novo aleatório desenho se formando. Como se revelando o
caledoscópio das nossas almas.
Cores e nomes em sobreposição. Idolos emergindo no
papel da parede que embalava a geração. Coração analógico e estudantil. Mostra e
diversidade multicor daquele Brasil.
A parede dos anos oitenta! Retalhos de momentos
adolescentes. Mistura de rocknroll, mpb, meias coloridas e golas diferentes.
Era a nossa Internet... na parede!
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