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quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

AUSENTES PRESENTES


A saudade é sorrateira. É fera. Vem quando a gente menos espera. É feito criança malcriada que passa e abre a gaveta que estava lá dentro, trancafiada. Depois sai correndo deixando escorrendo a saudade e as lembranças profundas e empoeiradas.

Muitas vezes me emocionei com a música que meu irmão mais velho gostava. Era uma dos Beatles, que ele muito mal cantarolava. Com todas as notas semitonadas. Soava linda nos meus ouvidos. Agora, é só uma saudade desafinada... 

Do meu pai lembrei ontem no meio do almoço pedindo um pedaço de pão. Seu sotaque italiano insistia em falar “pon”.  Entalou minha garganta e meu coração. E assim a saudade vai pegando a gente. Pega no caminho. Pega no cantinho. Pelos colarinhos...

Este ano, foi no canto final da sala, montando a árvore de natal. Com as mãos hesitantes e a voz meio rouca. Em cada bolinha presa, uma lembrança solta... O sorriso da vovó e seu vestido florido. O presente repetido que a tia reembrulhava e trazia todo ano. O drink azul da cunhada, com curaçao, quanta magia... E as risadas, exageradas, da criançada. A gente não se dava conta como era boa aquela zorra toda!

E no final da nostálgica montagem, a árvore ficou pronta! Mas antes de ligar as luzes, depois de um suspiro profundo da alma, veio um instante de calma e a constatação. Doída e reticente... 
A cada ano, mais lembranças, menos entes... Mas, ainda tão presentes!


 *                 *                   *                      *                       *                      *                  *



                      DÊ LIVROS DE NATAL!!!

   

6 comentários:

  1. Pungente.. Saudades grandes, lembranças tristes, vontade de voltar no tempo...
    Lindo.

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  2. Nossa, saudades afloraram, de momentos que viví, e, principalmente de minha mãe, "ausente" desde o último setembro! É, esse Natal vai me marcar pelas "ausências"!
    Texto lindo, apesar de triste!

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  3. Querida, lindo.. Aproveito para desejar um Santo Natal com a presença que nunca se afastam do nosso coração e de nossa alma. Felicidades.

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  4. Mais uma vez com a sensibilidade aflorada, vizinha. O Natal, por ser uma festa tipicamente familiar, talvez a única que restou, nos leva a reflexões profundas sobre o passado. E a gente é sempre envolto pela saudade e fica com o coração apertado quando alguma luz da árvore se apaga.

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    1. Ah... esse nosso coração de seda... bjs vizinho! Obrigada por poetar aqui no blogue!

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  5. A cada ano que passa a saudades dos que partiram tornam presentes,os sorrisos o corre corre das crianças na sala,as bolinhas que caindo no chão se quebravam,e as tias chata,corrige esta criança kkkkk,e aquele golinho de vinho São Roque,só no natal misturado com água,pois esta criança cresceu e agora monta a árvore,com os olhos marejados com saudades dos seus que se foram,mas feliz por saber que novos virão e teram suas lembranças
    Feliz natal a todos.

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