A palestra do meu amigo Salgado sobre a evolução das espécies começou pelos reptilianos... Agem somente por estímulos. Dormem. Caçam. Comem. Atacam e se defendem. São os seres de cérebro mais primitivo. Sorri pensando em muitos de nós atualmente, nas ruas e nas redes. Reações imediatas. Respostas prontas e baratas.
Lembrei do meu réptil de estimação. Meu
querido lagarto Agamenon! Porte médio. Verde meio amarronzado. Deve ter vivido
em minhas terras quando tudo ainda era floresta e mato. É um réptil pontual. Às
três da tarde ele faz seu trajeto natural, caminhando lentamente até chegar no
mato vizinho. Lá deve ter bons quitutes, grilos, minhoquinhas, saborosos
insetinhos...
Só que o meu lagarto anda muito urbanizado. Ao
invés de seguir pelo verde gramado, ele desfila com seus passos ancestrais no
meio da passarela de pedras amarelas que vai da casa até a calçada. De lá,
caminha para o matagal e some. Longe do olhar indagador dos homens.
Réptil folgado. Às vezes ele para em frente ao quiosque onde tomamos o café da tarde refletindo sobre a natureza, o quanto ela nos acalma e nos eleva. Dou boa tarde e um sorriso. Ele sorri também. Ou é sua boca alongada que me dá a feliz sensação. Digo que sorri. Salgado diria que não!
Na semana que vem tentarei maior aproximação. Uma
boa fruta no meio do caminho. Uma goiaba. Uma laranja. Um mamão... Será que ele
vem na minha mão? Seria amigável, meu querido réptil Agamenon?
Doce ilusão. Imagino sua pronta reação. Tire já
essa comida de perto de mim! E eu, como boa réptil, responderia assim...
Vê se não enche! Sua lagartixa grande de jardim!
É duro evoluir...
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