O espírito natalino sempre foi muito tocante para mim. Olhava nas ruas os enfeites luminosos, os arcos e guirlandas
nas portas, renas de neon nos edifícios e temas harpeanos ecoando nas lojas...
Mas as festas de Natal em si, embora amorosas e agradáveis, traziam doloridas ausências. Faltava sempre alguém à mesa. Um tio, a mãe de um cunhado, o irmão amado. Fragmentos de imagens do passado que me davam um aperto danado.
Este ano o tom da nossa decoração foi mudado. Mais modesta, sem muitos requintes. Resolvi apostar na simplicidade.
Nada de árvore ou presépio gigante. Nem decoração
barroca para uma fé ainda pouca. Nada de bolas douradas, enfeites de
purpurina e laços de fita brilhantes. Era simples a manjedoura. Um pouco
de feno e algumas pinhas bastavam. Cristo em mim falou mais alto. Decidi por madeira
e simplicidade.
Voltei do interior com um saco de
pinhas novinhas, colhidas do chão de terra vermelha sob os pinheirais de
Biritiba. Havia tempo que eu não fazia
algo assim. Arranjei feno, armações de arame e madeira. E Reis magos comprados em
um carrinheiro, numa feira.
O presépio simples, rústico e com pouco dinheiro
montei perto da cortina. Sem perceber que Priscila, a nova integrante da
família olhava de fino com interesse leporino para as pinhas fresquinhas.
Numa escapada noturna, sem o nosso olhar de censura, lá se
foi o natalino cenário, com as pinhas roídas até o talo. O feno, espalhado pelo
chão. Só o Jesus de madeira ficou intacto. Deus, achando graça da sua criação...
Os Natais mudaram. Muitos se foram. Outros chegaram.
Papai Noel anda meio sem graça. Priscila ganhou espaço. Natal de novas
certezas e outros tipos de laços. Mas veio com alegria e pureza. Mesmo com todo o embaraço!
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FELIZ NATAL, CHEIO DE PAZ...
PARA TODOS OS AMIGOS E LEITORES
DO INESPLICANDO!
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