A Rua João Pessoa é uma linha
reta que vai dar no Porto de Santos, cruzando o centro antigo da Cidade. Zona das
bocas e da antiga boemia. Dos famosos Love Story e Fugitivo. Região do cais. Notívago
caos.
De dia, o comércio já não cresce. À noite, quando escurece, as mulheres aparecem feito mariposas. E se espalham pelas casas noturnas, salteando alegres entre clientes e copos de cerveja. Som de forró e música sertaneja.
São muitas. Algumas, atrevidas. Outras simpáticas e coloridas. Expostas! Com pernas à mostra. Porém, mais discretas que os rapazes da General. Com saltos quinze e meias arrastão. De humor ácido e escrachado. Vozes finas e físicos avantajados.
Conheci alguns desses personagens na saída do trabalho, no lusco-fusco confuso das sete da noite. Todo cuidado é pouco no velho centro da cidade. Nessa hora tudo se mistura. Trabalhador e meliante. Policial, vendedores, ambulantes. E as mulheres da noite surgem dos casulos ocultos da avenida. Borboletas esvoaçantes.
O Centro histórico fervilha. Tem cheiro de gasolina e maresia. É a zona do Porto. Beira do cais, onde tudo começa e termina. Rota de muitas vertentes. Entrada dos esperançosos. Saída dos descontentes.
Foi no meio de toda essa gente que eu vi uma moça na esquina. Cara de menina. Corpo de adolescente. O que fazia? O que tinha em mente? Queria dinheiro ou presente? Passei com meu saquinho de pipoca doce e quente que ela me pediu com o seu olhar. Queria provar. Como quem quisesse, talvez, fugir e brincar.
Estendi a mão e ofereci a pipoca. Ela pegou e sorriu. Guardei na lembrança. O bonde passou. Ela subiu. Segui com o meu saquinho de pipocas quase vazio. Mas no fundo, lá no fundo, achei um grãozinho ainda puro de esperança. Seu sorriso era de criança.
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VEM NOVIDADE POR ÁI...
O UNIVERSO INESPLICANDO VAI FICAR MAIOR!
AGUARDE!
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